Há que se ter coragem. Eu não
tenho. Não arrisco, não ouso, tampouco petisco. Sou amante da seguridade, da estabilidade.
Dureza ser assim, pois há mais caráter nisso que a própria definição de caráter.
Na dúvida não falo, na incerteza não opino, o que sai de mim é porque tem o certo
ar de verdade, pode até ser uma mentira, mas o que se sente há de ser
verdadeiro em nós. E se a coragem eu tivesse, não saberia usá-la, porque assim
como o pássaro hesita em sair da gaiola, assim eu não transito no abismo, nem
quero vislumbrar o céu aberto. Há que se ter medo. Eu tenho. Todos. Variados e
até obcecados. Das sensações, das vontades e dos desejos, porque há em mim
tantos e tantas que tenho o tal medo de senti-los, nem em pensar é permitido.
Há que se ter dúvida. Talvez. Tenho ora sim ora não. Quando sim é insegurança,
quando não é instinto. E se no instinto cabe um pouco de coragem, isso eu não
sei o porquê, na dúvida... me calo.
domingo, 26 de abril de 2015
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