quarta-feira, 17 de abril de 2024

POEMA MUITO FOFO

ASSIM COMO O VENTO

BEM AGITADO ESTAVA

A FLOR SE DESGARRROU

E BEM LEVE E SOLTA

PULANDO PELO CÉU

COM AS PÉTALAS CÁ

E BAILANDO PARA LÁ

A PEQUENA MARGARIDA

FOI VOANDO COM A 

VENTANIA QUANDO ASSIM, 

DE SUPETÃO, PLIM, PLIM 

CAIU NA CABEÇA AVOADA

DA PEQUENA GAROTA 

QUE SORRIU COM AQUELE

PRESENTE VINDO DO CÉU

INAÇÃO

 

Faz silêncio e olha, ali pelo buraco da vida. Vê como as pessoas andam se acotovelando, querendo um tanto de atenção daquela outra que é bem querida sabe-se lá por quê? Está na berlinda, meu amigo? Que você faz com essa sua opinião imensa? Trate bem todas elas, as pessoas, e ficarão por ali, na estante da sua vida! Onde é que estão seus amigos? Ou você é um ser social que amontoa amigos do tipo meus amigos? Olha agora ali do lado esquerdo, vê aquele outro grupo? Está vendo como são amistosos e omissos? São tão tradicionais na vida, são tão solitários como aqueles que riem sem parar e que olham de vez em quando pelo buraco de suas vidas rasgadas e solitárias. Vê como se socializam? Agora escuta o que dizem. Tem bastante opinião nisso tudo. Isso é bom, mostra que são humanos. Que pensam. Será que sentem? Ou mentem? Faz silêncio, senão acordam!

 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

SEM MOTE PARA HOJE

sem conseguir escrever alguma coisa de valor poético, metafísico, revolucionário, quântico, sem conseguir escrever algo que te faça se apaixonar ou que te faça sorrir, sem conseguir pensar em escrever um conto qualquer, ou uma crônica da esperança que te faça não se matar hoje, sem conseguir escrever sobre a paz mundial, sobre como as coisas são horrendas, e também sem conseguir ser otimista e feliz, sem conseguir o poeta, escrever um verso minúsculo sequer, versículo, sem conseguir um mote...qualquer...

Rendo-me.

quinta-feira, 4 de abril de 2024

VIDÃO...COM ADENDOS

 

Quero agradecer minha vida.

Sim, ela é carregada de vícios e prazeres,

de saúdes e possibilidades, "vidazarrona", 

é emocionalmente intensa e macia,

tenra e macia.

Tem horas que não agradeço, por empréstimo, zero horas, aquela hora da tristeza, essa não agradeço não, mas é um...

Vidão.

Vida com tudo quanto é vida boa tem que ter,

com poesia,

com música,

com gente boa

gente fina, elegante e discreta

com arte,

com comida, acepipes variados e bebedeiras

com prazer,

amor e

“all inclusive”.

terça-feira, 5 de março de 2024

Crônica da vaidade ou Apólogo do amor-próprio (Mote por empréstimo do amigo: Wiliam Mendes)

 

Vou refletir muito sobre algumas coisas nos próximos tempos. Sobre a vaidade, e o sofrimento que esse sentimento nos traz, e sobre o amor-próprio também. Se estou percebendo que querem apagar o passado, e avalio que de fato o passado não é de meu domínio, por que sofrer com isso? O mundo humano está assim.” (Wiliam Mendes)


A vaidade e o amor-próprio discutiam fervorosamente na cabeça do homem, para ver quem era o mais importante na vida do pobre rapaz. De fato, não era uma discussão, ou diálogo, porque na verdade, a vaidade falava muito mais que o amor-próprio, que num determinado momento passou a só ouvi-la e respondia apenas o necessário:

- Acha que vou aceitar esse argumento de que você veio do inglês “self-love” e de que, portanto, é mais importante do que eu? Também quer que eu acredite nesta história de Narciso, e que me joguem na cara que não olho para mais nada além da minha própria beleza? Balela!!!

- Não foi isso que eu disse. Disse que você tenta me sobrepujar, todas às vezes que tento deixar ele um pouco mais seguro de si mesmo.

- Ahhhhhhh. Faz-me rir “self-love”. Então eu, a rainha da valorização pessoal, aquela que tem os maiores desejos fundamentados nas qualidades físicas e intelectuais do nosso Mestre, hahahahaha, euzinha, quero passar a perna em você? Somente quero que os outros avaliem, apreciem as capacidades e qualidades dele. E você? O que faz? Você o confunde. Todas às vezes que você exagera, é confundido comigo. Entendeu?

- Quero só que ele tenha segurança do que diz e faz.

- Segurança? Você é mesmo muito passional. Isso é um grande paradoxo. Então você está dizendo, que esse seu cuidado é amor? Ah! O amor-próprio, cuidadosamente dosado, aliás, em doses homeopáticas, traz a segurança de que nosso Mestre necessita? Bobagem. Você me vê como um mal? Imagino que sim. Hahahaha. Se me olha como um mal, que seja o Mal de Epicuro que o impede de ser “omnitudo”! Ora essa! Dessa forma, você, meu amor, é desnecessário. Eu, sim, a vaidade, sou absolutamente importante e vital, porque faço com que ele se valorize, se vanglorie de suas conquistas e que seja reconhecido pelos outros mortais.

- Talvez tenha razão. Mas... Poderíamos coexistir?

-Nunca! Chega de me confundirem com falha moral, com presunção, com egoísmo, e maldade, chega! Chega dessa história de me confundirem com você. Sou lúcida! Você não é. Sou consciente e necessária. Um pouco de mim basta.

Naquela noite o homem não conseguia dormir, seus pensamentos oscilavam e refletiam sobre a vaidade, e o sofrimento que esse sentimento lhe causava; pensava em suas conquistas e também avaliava se o seu passado deveria ainda estar sob o seu domínio ou não; para quê?

E... Não chegando em conclusão alguma, sorriu, percebeu o adiantado da noite e matutou que de nada adiantava pensar tanto e sofrer sobre tudo isso. O mundo humano já está assim, muito sofrido, calejado, cheio de preguiça e com muito sono.

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 4 de março de 2024

UM CONTO ESTRANHO

 

 

Bastos era um senhor de sessenta e poucos anos que vivia sozinho em um pequeno apartamento do centro da cidade de São Paulo. O único filho morava em outro país e falavam-se poucas vezes durante o ano. Alguns parentes no interior, que a ausência de contato havia guardado na última gaveta da memória qualquer possibilidade de reencontros. Da sua rotina diária, além dos pequenos afazeres de limpeza, manutenção da sua sobrevivência, cozinhar algo, aparar a barba, alimentar os pássaros, sobrava-lhe uma enorme parte do dia para nada fazer.

Bastos era homem comedido, falava pouco e durante toda a vida mediu bem aquilo que lhe saía da boca; entre falar e dar sua opinião preferia calar-se; o que fez com que escutasse a vida toda que era um pau mandado, um nada, um livro sem receitas, um homem vazio... Nunca se importou com isso, não falava porque não valia a pena dizer, somente o que era certo, era dito: “três pães, por favor,”, não importava dizer algo sobre a coloração dos pães, “nossa, como estão tostados”, já estavam tostados, de que valeria dizê-lo.

Mas...se olhou no espelho.

O homem olhava assustado para a imagem do espelho, não pelo corte feito, que era pequeno demais para alguém dar-lhe algum valor, mas seu estupefato olhar era da frase que sua boca havia proferido; não era homem de dizer vilezas, não era homem de falar mal por pouco, nem por muito havia perdido sua linha; nada disso era o que lhe tinha causado o pavor, a voz que lhe saíra da boca não parecia ser sua, aterrorizado não sabia o que fazer, baixou os olhos para tirá-los do espelho e sussurrou baixinho o seu nome, queria escutar-se.

Se a voz dominara o homem ou se ambos haviam se fundido em um só não é coisa para se pensar nesse momento da narrativa porque nada de filosófico há na mudança e o que se é relevante dizer são os fatos, os fios condutores das ações; o caso é que o senhor Bastos estava mudado e nem mesmo sabia onde tudo isso tinha começado, acostumara-se com a nova maneira que a vida lhe impusera com a mesma brandura que se habituara á barbas; agora era ser que cuspia fogo, deixava marca por onde passasse, rasgava todos os verbos, espantava os bichos, encantava e desencantava.

Bastos era um senhor que vivia sozinho em um pequeno apartamento do centro da cidade de São Paulo. O único filho morava em outro país e falavam-se várias vezes durante o ano. Alguns parentes no interior visitavam sempre o homem, que recebia todos calorosamente em longos papos e risadas madrugada a fora, resgatando sempre o que havia guardado na primeira gaveta da memória: lembranças. Da sua rotina diária, além dos pequenos afazeres de limpeza, manutenção da sua sobrevivência, cozinhar algo, aparar a barba, alimentar os pássaros, sobrava-lhe uma enorme parte do dia para conversar, cantar, aconselhar, jogar conversa fora, discutir...

domingo, 3 de março de 2024

TERQUEDAD

 

Mira la perseverancia y

 

com el passo del tiempo

 

firme em la constancia,

 

en la base de la obstinación.

 

Mira, para que tengas siempre

 

las delicadezas...

 

Cambia frenéticamente su

 

vida estampida y puesta

 

al principio del acaso

 

para que tengas siempre

 

las delicadezas...

 

que sin duda se traducirá

 

en palabras y acciones.

FOTOGRAFEI VOCÊ NA MINHA...

 


         O famoso lambe-lambe e sua potente "rolleiflex" entram num recinto...

         A luz não importa, nem sequer é necessário um refletor para que seus dedos ágeis e duros apertem o botão e um flash sorridente capture o instante.

         No seu transtorno-maníaco-compulsivo-obsessivo, obseda na imaginação o melhor ângulo da figura que se move em sua frente. Atenção! Um corpo que chega, um algo que se movimenta, um rosto que lamenta, uma boca que canta, um instrumento que toca, o rebolar dos quadris, a pose da moça, um "fotofóbico" que balança e o cão que ri. Não há objeto para a objetiva que retrata o indelével.

         Como se não bastasse, o impávido fotógrafo precisa também ser parte da sua sétima ou décima arte, e num revés desesperado, em toda a loucura, procura uma regra-três que com seu dedo substituto em riste, faça surgir num “click” a imagem congelada do exímio-louco que lhe sorri.

         E todos os instantes não revelados,  nem coloridos tampouco pretos e brancos se avolumam nas páginas solitárias virtuais, a espera de outro olhar que saudoso relembre o momento e gargalhe ou chore ou... odeio ser fotografado. Já diziam que rouba minha alma.

         Lá vai o famoso lambe-lambe produzir suas fotos-legenda.

         “E não é que você ficou bem na foto”.

 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A LENDA DA POETISA CEGA


Numa pequena aldeia, nasceu uma menina cega. Ninguém sabia da cegueira até que a criança completou seus três anos e passou a esbarrar em tudo. Para tristeza dos pais a pequena criatura recebeu todos os cuidados que alguém que não pode ver o mundo receberia.
Apesar do fato, a garota, agora mais velha, havia aprendido a enxergar o mundo com as mãos. Tocava nas coisas todas e sempre passava no rosto para senti-las. Dos bichos ás plantas, as sensações do universo eram absorvidas assim pelo contato, tato, olfato e paladar, eram absorvidos pelos sentimentos do olhar escurecido por Deus.
Mais adolescente e esperta, a mocinha cega passou a percorrer a aldeia sozinha. Era ágil e caminhava ouvindo seu andar pelos campos. Sentia o Sol durante o dia e a banhava-se com o Luar. Nunca aprendera a escrever, mas declamava versos o dia todo que eram compostos na sua mente criativa e poética. Declamava-os ao vento, aos bichos, aos homens, às crianças, aos mendigos, aos ricos. Eram versos de encantamento e calmaria.
Naquela manhã, a moça decidiu que era hora de sentir as águas do rio que corriam pela aldeia. O rio verde e profundo engoliu a garota cega para seu fundo em redemoinhos contínuos, não houve como gritar, apenas entregou-se à morte. A família nunca mais soube da moça, muito menos do que tinha acontecido com ela.
Porém, passados alguns meses, um velho pescador jurou ter lido nas águas do rio da sua aldeia, versos e poemas refletidos nas superfícies do rio. Ninguém acreditou nele. Novas pessoas também juravam ter lido pequenos poemas e toda a aldeia percebeu o que havia ocorrido. Muitos vinham de lugares distantes para ler as poesias do rio da poetisa cega. E a menina cega pôde descansar em paz.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

PEQUENA HISTÓRIA ou Historinha mesmo


Vinha catando seus pensamentos enquanto caminhava até o ponto de ônibus distraidamente, nem viu que a moça lhe sorriu, perdeu o rumo e o amor.

ENTROPIA


Minha existência me incomoda
o que eu penso sobre tudo
o que não posso pensar, o que não devo pensar
tenho medo de existir, tenho medo de morrer
e tenho certeza de que sou inseguro

Ah! Como incomoda minha existência
o que posso pensar e não posso dizer
para quê dizê-lo? por quê? não digo
tenho muito medo de viver, tenho mais medo ainda das coisas
e tenho tantas incertezas quanto mais anos ganho

Que cansada é minha existência
o que o tempo traz agora é tão tarde
tivesse vindo antes a esperteza do velho com a doçura da criança
tenho muito medo de ficar velho, tenho mais medo da criança
e tenho tantas omissões guardadas que não livro

Por que me incomoda a minha existência?
tenho medo de pensar em responder
soubesse dela como a seria teria pensado e dito mais
tenho bastante medo das pessoas, tenho mais ainda de mim
e tenho uma alma de velho na mente de uma criança... 

todo resto é desordem.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

ELEGIA CONTRADITÓRIA

Era um dia para ser triste

contudo, a moça pensava

com muita alegria e imaginava,

que o seu amor chegaria.


Era um dia para ser triste

contudo, o rapaz matutava

com muito cuidado e analisava,

como dizer seu amor a guria.

 

Era um dia para ser triste

mas... na praça que encantava

a moça vinha cantando, e agora,

olhava assustada para o rapaz

que sorrindo a aguardava.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Valsa em voz...

 


CRÔNICA DA FICÇÃO QUASE CIENTÍFICA, SÓ QUE NÃO

 

Galileu, pressionado, foi convidado pela santa inquisição (em minúscula mesmo), a abandonar as suas convicções cientificamente comprovadas de que a Terra se movia em torno do Sol. Assim, tal como Galileu, seguimos caminhando lado a lado com a ficção, quase científica, tanto no gênero quanto na vida. A Terra agora plana, tal como o chão que pisamos, acaba na linha tênue do absurdo, da desinformação e da tentativa de plantar a ignorância. Na dúvida, pergunte. Escolha entre qual a pílula irá tomar, a que permitirá que esqueçamos de algo que já aconteceu na utopia virtual desse mundo moderno e que só enxerga o que se quer, ou a outra, que nos levará ao mundo real. Não importa, na dúvida, estude. Chegamos em um ponto tão crucial, que nem os gêneros se salvarão; os limites das grandes histórias não terão mais enredos inspiradores, estaremos sujeitos aos que querem a todo custo esconder a realidade.  Nas narrativas inverossímeis que imitam o cotidiano, o experimento caminha junto à descoberta, e a ciência caminha junto ao negacionismo. Um ali tentando ir contra o outro, negando o óbvio, comprovado por várias verdades. Cada um com sua verdade? Talvez? Não, só que não. Uma verdade só pode ser derrubada ou substituída por outra verdade mais científica ainda. Deixe para a ficção, quase científica, as elucubrações dos quase fatos cientificamente comprovados; não se deixe levar pelo quase científico, pela ficção, por pílulas azuis, fake das fakes, pesquise, conteste, grite, pergunte, e assim como o astronauta Aldrin, dê um soco no queixo de quem duvidar da Ciência.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Crônica do abraço

            

As cinco senhoras sentadas perto da piscina discutiam fervorosamente sobre os aspectos da comida servida na pousada em que estavam. De férias da vida solitária, e ou, da vida monótona da cidade, aquelas mulheres com mais de sessenta anos estavam ali procurando o que viver.

Assim, na calorosa discussão sobre o café da manhã, almoço e jantar, argumentavam muito mais do que a própria filosofia possa dar conta. Entre teses e antíteses, chegaram na síntese de que, salvo exceções, a comida tinha caído de nível em relação às últimas temporadas.  Eu escutava tudo aquilo com muita atenção, das frases mais hilárias, desde a qualidade da linguiça que fora servida três vezes na semana, sem mudar nada em seu aspecto que pudesse modificá-la em essência, até o fato de colocarem coco ralado em todas as sobremesas para aumentar o volume, todas as frases eram seguidas de fortes argumentos. E de fato, concluíram na queda de qualidade em relação aos anos anteriores: “no passado tinha batata frita de verdade, duas ou três proteínas a sua escolha e mousse de chocolate”

Assim, seguia apreciando as discussões, as justificativas, quando senti algo em minhas costas. A pequena garotinha, com sua mão minúscula, cujas unhas estavam pintadas de rosa, acariciava minhas costas em gestos largos. Olhei para ela e sorri, ela também sorriu do seu jeito; um jeito diferente do que chamamos de normal, mas isso não importa agora. Tentei travar uma conversa, mas ela não falava, apenas sorria, sua condição neste mundo era simplesmente sorrir e caminhar. Recebi este carinho, e retribui abraçando a magreza de suas costas.

Ficamos assim, por um longo período, sem dizer palavra, abraçadas, ora os olhos cruzavam, ora os sorrisos vinham. Interrompida pela mãe, que desculpou-se, dizendo que ela estava atrapalhando, e puxando a garotinha pela mão, levando-a embora, e, enquanto eu dizia a tradicional frase, “imagina, não estava atrapalhando nada”, as duas já haviam sumido da minha visão constrangida.

Assim. Assim é o átimo do que é viver. Ninguém estava me atrapalhando. Da conversa apaixonante das senhoras que tornavam aquele meu viver, um instante divertidamente inesquecível, até o abraço da menina que escolheu me acarinhar, seguimos vivendo na esperança, seguimos olhando para os detalhes, percebendo os pequenos gestos largos que vão acariciando a nossa vida, e assim, sim, destes instantes...caminhamos.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O dia deu..

 O dia deu em chuvoso, Camões disse isso lá atrás num soneto, dos mais lindos poemas que já vi. Assim, a chuva produz algum sentimento, nem sempre é apenas de tristeza,  muitos devaneios ,  às vezes obviedades, também um tanto de amargura, e quase sempre melancolia; hoje diferentemente disso, ou daquilo, trouxe reflexão. Um pássaro aqui na minha frente está a banhar-se e assim, vendo o movimento tão feliz, de lá para cá, molhando as asas e sacudindo a poeira da poluição, parecia feliz. E assim, como o bicho, eu aqui vendo a chuva prazenteira, tentando escrever sobre o que não se pode escrever, pensando no revés que a chuva traz, no sim e no não, no alegre, ora triste,  não consigo deixar de estar confusa. O dia deu em chuvoso. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

DENTE-DE-LEÃO ( Para o Guilherme)

Num gesto largo

o menino assopra

a planta que estava 

pronta para voar;

em mil flocos 

as sementes iam 

vento acima

vigiadas pelo olhar 

do garoto sorriso;

olhar curioso, 

em devaneios

o que o faz pensar  

que o floco é leve;

cheio de esperança

o menino vislumbra

a vida é leve

cheia de pompons

esvoaçantes

ele pensa

e é feliz!

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

PARA SER FELIZ

abrir um sorriso

abrir um doce

abrir uma garrafa

abrir os braços

e maliciosamente,

as pernas

e amorosamente,

os sonhos

e mais ainda, 

abrir a mão:

da generosidade

e abrir mão... 

da solidão!




sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

ELEGIA MENTIROSA

 

Elegia muito feliz

E assim

Eles e elas

Viram

Riram

E alegres

Pensavam

E riam mais um pouco

E muito mais agora

Eufóricos

Visivelmente estão

Pululavam

Estavam alegres mesmo

E elas e eles

Ouviram, viram e sorriram

E como estavam alegres

Muito alegres mesmo, contentíssimos

A alegria é a tristeza vestida de instante!

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A ARTE DE SE DECEPCIONAR

          Se decepcionar é uma arte. 

     Sim, na verdade uma das sete maravilhas e certamente o oitavo pecado capital. Ouvi recentemente que a preguiça é o melhor dos pecados porque, sendo ele o primordial, não cometemos os outros seis. Assim, se decepcionar é um pecado. Sim, total perda de tempo, mas... então qual o motivo? 

    A decepção, segundo o Aurélio é um substantivo feminino que significa sentimento de tristeza, descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado, que representa um mal, enorme desilusão, desapontamento,e, desta forma, a decpção é minha, eu sinto, você sente, nós sentimos. O que difere de se decepcionar, que também segundo Aurélio, é um verbo, e que quando transitivo, tem a função de provocar a decepção; mas, porém, quando intransitivo, significa ter um comportamento de fracasso. 

   Desta maneira, a decepção é um problema morfológico, da categoria das classes gramaticais, ou ainda, pensando melhor, da falta de classe, de percepção e de gentileza. 

"Seja menas" e perdoe a falta de tato! O Aurélio, esse não perdoa!

domingo, 19 de novembro de 2023

UM TEXTO QUALQUER

Hoje, escrever é tão necessário quanto dizer para quem se ama, que ama. Assim, achar o assunto também é tão necessário quanto qualquer outra coisa. Muitas vezes, muitas mesmo, fico muito irritada quando vejo coisas escritas porcamente, desculpa, tira o porcamente...quando vejo coisas escritas, do assunto que as pessoas querem ler. Enfim, estou aborrecida. Um escritor deve apenas escrever? Escrever para quem? Eu estou muito arrependida de pensar assim, mas não consigo pensar diferente. Tem tanta coisa publicada. Queria ser lida, apreciada, estudada. Muito mesmo. Antes, eu acho que eu não queria, mas agora sinto esse querer. Queria meu poema na folha da prova do Enem, com todos aqueles angustiados estudantes tentando entender a metáfora que eu fiz, e que eu nem sei o que significa, desculpa, mas eu queria. Também pensei, naquele livro de crônicas com a minha assinatura que pensei ser MCsantos, parecendo nome de navio que cruza a costa, mar afora, mas, eu queria, o tal livro cheirando a tinta, com meu nome,  impresso na mão de quem gosta de ler qualquer coisa boa. Se eu acho que aquilo que escrevo é bom? Hoje eu penso que sim. Antes eu não pensava nisso. Agora eu acho bom, mas desculpa, porque tem uma hora que achar o assunto, ver o que nos motiva, o que empurra, é tão difícil. Sim, eu queria muito o livro de poemas também, da mesma autora das crônicas, aquela MCsantos, que também escreve crônica, MCsantos, parecendo nome de funkeiro, que tem haicai, coisa de criança, aquela que escreve um texto qualquer e que não escreveu uma história ainda, talvez...porque não tinha o assunto certo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

POEMA DO RECOMEÇAR

Íamos em paralelas

Vias opostas com medo

Dos escuros dias sem luz

Das frias noites sem luar

Íamos em desalinho

Cortes sobrepostos de não

Dos nevoeiros dias sem sol

Das absurdas noites sem som

Íamos em linhas retas

Sem olhar para trás...


Amor

Íamos agora de mãos dadas 

Em lugar de sonhos há um recomeço!


terça-feira, 7 de novembro de 2023

POEMA PARA VOCÊ COMPLETAR

O DIA 

OS OLHOS

A RUA

A VIA

HAVIA  A 

A  LUA

O SONHO 


Anônimo Anônimo disse... Poema completado por um parceiro do BLOG

Adorei o desafio, instigante.

O dia frio que de pronto estava
Os olhos do pesar tristes
A rua em silêncio espreita
A via pela noite espera
Havia a justa na nova
A Lua sumida em sombra
O sonho da Lua que volta

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

LUDIÃO

INDECISO É O AMOR

NA INCONTIDA PRESSÃO

VAI, VAI, VAI...

IMPRECISO É O AMOR, E

ASSIM, VÃO OS DOIS 

EM OPOSTAS DIREÇÕES

VÃO, VÃO, VÃO...

O CORPO MERGULHADO

INEXPLICÁVEL TENSÃO

VEM, VEM, VEM...

ASSIM VEM OS DOIS, E

PARCIALMENTE IMERSOS

NA CONFUSÃO DO AMOR IDEAL

O CONJUNTO  SE TRANSFORMA

ISOTÉRMICAMENTE SEM, SÃO, SAI


O PESO DO AMOR É MUITO MENOR DOS QUE ATUAM SOBRE ELE.


terça-feira, 10 de outubro de 2023

CRÔNICA ANDARILHO

 

Há que se ter um mote para vida. É aquela coisa que não tem nome, mas que nos faz levantar e ir. Andar, caminhar, sem olhar para trás. Chavão ou não, o homem sabia disso. O homem tinha tido na vida várias motivações, porém, essa era além do óbvio porque perpassava pelo orgulho, por sua honra, determinação e necessidade, e claro, por amor.  

Pausa.                                                                                                                                

Quando o menino nasceu, ainda bebê, o homem viu que algo na criança era diferente. Talvez porque realmente era, mas, mais ainda, porque o olhar deles nunca havia se encontrado. Assim, foram os dois crescendo como pai e filho, sem nunca terem se visto de verdade. A mulher achou por bem levar ao médico, e depois do diagnóstico, nada mudou. Também nem se deve o leitor achar que precisa saber do tal laudo, e do que o menino tinha. Todo mundo tem alguma coisa, e a nossa mente é um  abismo; o fato não é o laudo, a causa, a especialidade, o fato é a motivação.

Entende.

E conforme o tempo foi passando, o que para uns se torna deficiência, inabilidade, para outros é o brilho. E o filho cresceu fora do prumo, longe da escala do cotidiano, cresceu com outro olhar. Da boca nada saia, porque o menino não falava e não olhava. Na escola o problema menor era esse, pois, como o brilho das notas era muito, mas muito maior, ninguém ligava para o restante. O garoto-gênio ia crescendo longe dos seus.

Anda.

Num certo dia, o pai reconheceu que era preciso chegar mais perto. Assim, com menos de quinze anos, foram tentar uma vaga na faculdade de Química da Universidade de São Paulo. O menino foi aceito, e posteriormente, no curso avançado, passeava na análise e descrição dos mecanismos de reação e intermediários reacionais, nos estudos das reações de substituição e reações de adição e eliminação, e não menos importante, as reações concertadas e rearranjos moleculares. Sumidade.  Aos quinze anos, se comunicava pelo brilhantismo, pelo computador, por artigos e mais artigos, prêmios, pelo que descobria e por tudo que sua ausência produzia.

 

Suspiro.

Desse jeito, o homem, então, agora tantos anos depois, nada sabia do filho, e deixava-o ser; via aquele, agora doutor, rapazote, reconhecido, nos saberes de algo que o homem desconhecia, como pai, como pessoa; ignorante no assunto da vida do filho e até o que ele estudava, sem nem saber para que servia aquilo tudo. Mas quem se importa com isso? Todo santo dia, o homem sai de casa, acompanhado do filho, nessa ordem: o filho na frente, mochila nas costas, o pai atrás, guardando, andarilhos.

 

domingo, 17 de setembro de 2023

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

SOMENTE ALGUNS HAICAIS


 

HAICAIS DA INFÂNCIA

I

 Pé de lata

No pé do menino

Saltitando para o infinito.

 

II

Boneca de pano

Com cabelos de lã

Jogados no chão.

 

III

De um estilingue,

Sai um tiro...

Assustando o passarinho!

 

 

HAICAI DA DÚVIDA

 

O rio verde

 talvez talvegue

 Pela tarde adormecida!

 

 

HAICAI DA CERTEZA

A tarde adormecida

despenca algures

cheiro de Sol !

 


HAICAI DA COLHEITA

 

Depois da outonada,

o menino apanhador

o tempo -será!

 


HAICAI DA FLOR

A rosa surgiu,

abriu apenas,

queria ser rosa.

 


HAICAI MATEMÁTICO

Passo a vida

dividindo-me,

em dízimas.

  

HAICAI DO SOBRINHO

Miro no olhar do menino

Um sorriso que salta

Acalento para o infinito

 

HAICAI DO POEMA

Dia de ideia

Rompe o bordão

Verso incendeia


HAICAI DA ESPERA

Dou alguns passos,

meia-volta e meia,

sonho e aguardo.

 

HAICAI DO SAPO

O olhar era distante...

Era apenas um sapo mudo

Que parado nem remexia

 


 HAICAI DO SAPO GELADO

Na pele, a camada de água

Nem coaxa o coitado, respira,

E aguarda o Sol do meio-dia

 

 

HAICAI DA PRINCESA

Trago no seu beijo

Ainda névoa esparsa

Gosto do silêncio

 

HAICAI SINGELO

O carrilhão

percurtido pelo anjo

badala,badala e ressoa.

 

 

 

 

 

 

As bruxinhas que sonhavam demais

 

         Diz-se por aí que duas bruxinhas eram conhecidas por inventarem demais. Passavam parte da vida, imersas em sonhos e construíam histórias muito boas de ouvir, mas que ninguém ouvia, porque já se sabia que tudo era uma inverdade. As duas feiticeiras, então, resolveram que era melhor ir vivendo, do jeito mais bobo e sem graça mesmo, porque dava muito trabalho nadar contra toda a corrente que viam e ouviam. Tanto diz-que-diz-que enche.

        Durante muito tempo as bruxinhas se olhavam com tristeza e até esboçavam uma historieta qualquer, porém, ao se lembrarem de toda enxovalhada, preferiam dormitar. Passaram tantos anos dormindo que as suas cabecinhas já não sabiam mais sonhar. As cantigas haviam sido esquecidas, nem poetar dava mais, muito menos historiar.

Dormentes, as mãos das magas estavam, e iam carregando a vida vazia, sem peso, graça e sem emoção. Ambas, então, sentadas, esperavam algo da vida quando se deram as mãos e decidiram que era hora de partir porque naquele lugar ninguém saberia mais delas. No meio do caminho, se abraçaram, os pequenos corações começaram a bater novamente e se despediram.

       Uma bruxinha foi pelo caminho da Lua.

       Outra foi pelo mar.

A bruxa que foi pelo caminho da Lua logo encontrou um lugar muito lindo, onde as pessoas que lá viviam se encheram de alegria, quando ela começou a contar sua primeira história. Todos da Vila da Lua ficaram encantados com tanta graça e magia daquela feiticeira encantada.

A outra que foi pelo mar, também encontrou sua morada e logo que chegou a Aldeia Salgada, começou a declamar seus poemas, fazer seus versos e cantarolar suas rimas. Toda a Aldeia se enchia de magia e alegria quando a estrige começava com sua poesia.

E agora, as bruxinhas que sonhavam podiam viver em paz.

 

POEMA MUITO FOFO

ASSIM COMO O VENTO BEM AGITADO ESTAVA A FLOR SE DESGARRROU E BEM LEVE E SOLTA PULANDO PELO CÉU COM AS PÉTALAS CÁ E BAILANDO PARA LÁ A PEQUEN...