E não se fala mais nisso...
Não
me lembro de quando decidi ser professora. Talvez o destino tenha me empurrado
e dito “vai que você leva jeito”. Porém, mais do que ter jeito para a coisa,
descobri que um professor precisa de absolutamente tudo o que cabe num ser,
pois é alguém inolvidável. Dos ruins, carregamos os traumas, dos bons as
lembranças, mas o que não se pode negar é que aprendemos com um professor.
Nessas
quase duas décadas que leciono, passei por acertos, erros, tentativas, enganos
e a cada dia que passa, sinto que estamos por um fio, eu estou. Tanta gente já
esmiuçou o problema da educação, o desprestígio do professorado, as
metodologias ultrapassadas e as novas que não dão certo; os distúrbios que
dificultam o aprendiz e também o mestre evidentemente; novos nomes para velhos
problemas. Enfim, acho muito relevante que alguns estudiosos tentem achar o
cerne da questão, principalmente daqueles que o fizeram de forma séria e
comprometida, merecem meu respeito.
Longe
de discutir a salvação dos problemas da Educação brasileira minha intenção é
saber o porquê alguns de nós não desiste. Por que eu não desisto? O que nos
move? Diante disso, passo algumas horas do meu dia, em meio ás aulas, provas,
preparações, estudos, diários e afins, pensando o que faria para não desistir e
abrir uma lojinha no fim da esquina. O
que de fato, no entanto me fomenta, por incrível que pareça não é um bônus por
merecimento, ou uma provinha por mérito, ou ainda, a participação nos lucros da
escola, são os alunos.
O
que move verdadeiramente uma professora- porque eu ainda vejo isso no rosto de
algumas colegas de trabalho- o que me motiva é a pessoa, ali, entregue, o
sorriso do aluno, seu interesse pelo desconhecido e a possibilidade de ser
conduzido, mesmo que tortuosamente, ao caminho da descoberta; é aquela carinha
de entendimento, aquele texto bem escrito por ele e muito melhor até do que nós
mestres faríamos, as homenagens, os bilhetinhos de amor, o respeito pelo meu
conhecimento, a entrega e a confiança dos pais em mim e no meu, no nosso
trabalho, porque para eles o que resta é apostar na gente.
Sem
apologia, sem levantar bandeiras, é simples assim. E não se fala mais nisso...