FINAL ROMÂNTICO
Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.
Escutou a fechadura da porta e cravou o olhar naquela direção. Eleonora entrou silenciosa e linda. Os dois cruzaram os olhares. Ricardo fotografou a mulher e congelou a imagem: bela, simples, companheira. Eleonora caminhou para perto dele e sentou-se no outro sofá.
– Tudo bem?
– Por que não dormiu aqui?
– Achei melhor ir lá para Claudinha. Conversamos, foi ótimo. E você?
– A louca e chata da Maria Cristina ligou hoje, agora pouco. Estive pensando se não era melhor mudar o telefone, mudar daqui, sei lá, quero ficar em paz com você. Não quero que durma fora. Vamos casar? Isso, nós já moramos juntos há tanto tempo. Nos casamos e mudamos sem telefone...
– Que deu em você?
– Certeza.
– Certeza?
– É. Do meu amor. De você. Certeza total.
– Que coisa.
– O quê?
– Não sei... tudo isso. Loucura.
– Você não respondeu.
– Não sei o que dizer. Fiquei surpresa. Criei uma expectativa tão ruim, que confesso que agora não sei o que responder.
– Sim.
– E a louca?
– Que se dane. Mando o convite de casamento, pior, a Laura conta como uma fofoca e aí batemos o telefone na cara dela, rasgamos todas as cartas que chegarem...
– Seu doido...
FINAL REALISTA
Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.
Pegou o telefone e decidiu ligar para Maria Cristina.
– Oi.
– Sabia que ia ligar.
– Por que a certeza?
– Senti na sua voz um desejo, como se estivéssemos juntos e próximos. Como se não tivessem passados os três anos.
– Por que me procurou?
– Arrependimento.
– Agora que eu estava bem, com outra pessoa.
– Se estivesse realmente apaixonado não estaria falando comigo agora. E também não é essa questão.
– Não é verdade. Só quero esclarecer as coisas.
– Vem para cá esse fim de semana. Preciso ver você. Fica aqui em casa. E assim podemos esclarecer o que quiser.
– Arrependimento do quê?
– De tudo. De não termos ficados juntos, da minha escolha errada...
– Fala isso agora, por que não me procurou antes?
– Ricardo, nossa hora é agora. Eu sinto isso, você tem medo de quê?
– Não tenho medo.
– Então vem!
– Vou ver...
FINAL INUSITADO
Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.
Ligou para Eleonora e conversaram por algum tempo. Eles discutiram e acabaram decidindo que era melhor mesmo cada um ir para o seu canto. Acabaram aceitando que a relação estava desgastada e que talvez, estivessem apenas adiando o que seria inevitável. No final da conversa que era mais amistosa acertaram os pormenores do quem fica com o quê.
Ligou para Maria Cristina e desceu o sarrafo. Vomitou os três anos de mágoa embutidos, pediu que ela evaporasse de sua vida, foi enfático, grosso, e perverso. Xingou de louca obsessiva, fez a mulher chorar, certificou-se que nunca mais ela o procuraria.
Um mês depois, Ricardo estava de malas prontas para a sua viagem. Levou bastante coisa. Talvez passasse aquele ano todo percorrendo os lugares que ele sempre quis. Nada de amores passados, de obsessões vividas. Levaria o dinheiro guardado para que pudesse trabalhar por lá um tempo. Fotografando a cultura dos povos, a paisagem toda, as belezas, os rostos e as almas...
Inclusive a sua.