terça-feira, 30 de julho de 2013

DIMINUTO


Que ironia!

Subtrai-se

O semitom

Pequenina

Música

Analítica

Mesquinha

Fraquinha

Moçoila

Magrinha

Bonitinha

Sintética

Inha, ito e ete

“Une petit” qualquer...

 

 

 

 

domingo, 28 de julho de 2013

TRINDADE

O que faz a vida deixar de parecer feliz
e sê-la de fato, é tão ridiculamente
simples, que ás vezes deixamos de olhar e sentir o óbvio.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

QUEBRA-LUZ


Quase cedinho e não sei se quero ver o dia aparecer, não tenho sono, mas tenho todos os sonhos do mundo; à noite me acompanha e com o silêncio dormitando posso ouvir os ruídos do nada. Depois de algumas páginas lidas chego ao final do romance sem entender nada; talvez seja a hora de saber se os romances foram escritos para serem entendidos ou se já não cabe em mim qualquer espécie de compreensão; o fato é que dormir não basta para ajeitar os pensamentos, tão pouco estar acordada. Bocejo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

RUMOS DA POESIA


Uma ode vai livre

Por uns haicais

Que brigam para

Serem sempre três

Indignada a quadra

Sofre uma crise quase

Existencial e quer ser

Parte de um soneto qualquer!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CHUVISCO


 
 
Choro ora
Existo
Quebro ovo
Insisto
Declamo não
Antevisto
Chuvada já
Imprevisto
Chove não molha
Xisto
Chalaça sim
Precipito
Morrinha, cacimba e chuvisco
Anticristo!
 
 
 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


Parte final

Bastos era um senhor que vivia sozinho em um pequeno apartamento do centro da cidade de São Paulo. O único filho morava em outro país e falavam-se várias vezes durante o ano. Alguns parentes no interior visitavam sempre o homem, que recebia todos calorosamente em longos papos e risadas madrugada afora, resgatando sempre o que havia guardado na primeira gaveta da memória: lembranças. Da sua rotina diária, além dos pequenos afazeres de limpeza, manutenção da sua sobrevivência, cozinhar algo, aparar a barba, alimentar os pássaros, sobrava-lhe uma enorme parte do dia para conversar, cantar, aconselhar, jogar conversa fora, discutir...

 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


Parte 4

Como diria o ditado: a boca fala e... ele quem paga; ficou Bastos a ouvir o sinal intermitente da ligação interrompida. Passou sua voz então a praguejar as mais absurdas frases, resmungava, contava, lembrava, cantava, assobiava, discursava, orava, discutia, papeava e dialogava consigo mesmo. “Eu penso, eu opino, digo, juro, minto e menciono”. Estava em um estado absolutamente esfuziante, como se sua garganta, ora dantes travada, tivesse desatarraxado num mar de arquixilemas e arquifonemas.

Se a voz dominara o homem ou se ambos haviam se fundido em um só não é coisa para se pensar nesse momento da narrativa porque nada de filosófico há na mudança e o que se é relevante dizer são os fatos, os fios condutores das ações; o caso é que o senhor Bastos estava mudado e nem mesmo sabia onde tudo isso tinha começado, acostumara-se com a nova maneira que a vida lhe impusera com a mesma brandura que se habituara a barbas; agora era ser que cuspia fogo, deixava marca por onde passasse, rasgava todos os verbos, espantava os bichos, encantava e desencantava.

 

 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


Parte 3

A confirmação do dia anterior veio na hora em que Bastos pediu os três pães e queria os mais brancos porque estava cansado de pães tostados e com gosto de queimados; sua voz agressivamente pedia ao rapaz do balcão que estranhou o pedido, mas agiu como a fala proferida lhe ordenara. Bastos tentou desculpar-se, porém o que lhe saiu pela boca foi que nunca mais haveria de lhe empurrar pães de quinta categoria. Resolveu não mais dizer nada, haveria de fazer-se calar, pegou o saco, pagou e correu para casa, assustado como se estivesse preso em alguém que não era ele.

Em casa defronte ao espelho mirava-se com estranheza e pavor; “está olhando o quê?”, a frase que ele mesmo dissera, fizera-lhe rir a gargalhada mais histericamente possível, só pensava que estaria louco, não tinha coragem de dar nem mais um pio; passou o dia sentado na beirada da cama numa mudez sobre-humana quando se assustou com o tocar estridente do telefone, correu a pegar o fone, mas titubeou, afastou-se, retornou, atendeu; “ah, é você seu ingrato, não telefona há tempo deve precisar de algo, desembucha logo que tenho mais o que fazer!”.

terça-feira, 16 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


 Parte 2

Naquela manhã aparava a barba como o costume lhe mandara fazer, com a pequena tesourinha em punho, tirava pequenas lascas dos pelos grisalhos, que caiam sobre o pano metodicamente aberto na pia. Olhava para o seu rosto envelhecido e pensava no transcorrer da sua vida. Não era homem de se revoltar, sua alma era a mãe da resignação, aceitava as coisas, as pessoas, a vida, como aceitava o dia virar noite; os fios ora brancos ora pretos salpicavam o lenço branco junto com uma pequena gota de sangue “que merda!”.

O homem olhava assustado para a imagem do espelho, não pelo corte feito, que era pequeno demais para alguém dar-lhe algum valor, mas seu estupefato olhar era da frase que sua boca havia proferido; não era homem de dizer vilezas, não era homem de falar mal por pouco, nem por muito havia perdido sua linha; nada disso era o que lhe tinha causado o pavor, a voz que lhe saíra da boca não parecia ser sua, aterrorizado não sabia o que fazer, baixou os olhos para tirá-los do espelho e sussurrou baixinho o seu nome, queria escutar-se.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


Parte 1

Bastos era um senhor de sessenta e poucos anos que vivia sozinho em um pequeno apartamento do centro da cidade de São Paulo. O único filho morava em outro país e falavam-se poucas vezes durante o ano. Alguns parentes no interior, que a ausência de contato havia guardado na última gaveta da memória qualquer possibilidade de reencontros. Da sua rotina diária, além dos pequenos afazeres de limpeza, manutenção da sua sobrevivência, cozinhar algo, aparar a barba, alimentar os pássaros, sobrava-lhe uma enorme parte do dia para nada fazer.

Bastos era homem comedido, falava pouco e durante toda a vida mediu bem aquilo que lhe saía da boca; entre falar e dar sua opinião preferia calar-se; o que fez com que escutasse a vida toda que era um pau mandado, um nada, um livro sem receitas, um homem vazio... Nunca se importou com isso, não falava porque não valia a pena dizer, somente o que era certo era dito “três pães, por favor,”, não importava dizer algo sobre a coloração dos pães, “nossa, como estão tostados”, já estavam tostados, de que valeria dizê-lo.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

CHEIRO DE MATO

            Só é possível sentir o cheiro do mato quando estamos imersos no mato. Pela manhã o cheiro é orvalhado e doce, já que recebeu o perfume da madrugada. Pelo Sol do meio-dia, traz ele um odor mais queimado, quase fúnebre, sem tanta vida. Revigora-se o olor ao cair da tarde, como num suspiro agonizante, revivendo num pequeno átimo de sobrevida que ainda lhe resta, e assim, meio sem saber o cheiro do mato prepara-se para a nova madrugada.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

AMIÚDE


Amigos distantes, sinceros, do peito, do jeito, que se foram, que não chegaram, que estão por lá, que só telefonam, constantes, que choram contigo, novos, congelados no tempo, no aparador, antigos, de longa data, confidentes, de bebedeiras, inesquecíveis, amiguinhos, versão “colega-quase-amigo”, amigo da onça, amigáveis, irmãos, adoráveis... Amigos!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

MADRUGADA SEM SONO

Tarde da noite
a cabeça pesa
mas sono não
dorme o Sol
assim como
os anjos
sono não vem
o olho pisca
mais uma hora
a madrugada se
faz quase plena
olhos pululam
pelas sonatas
os anjos cantam
para eu dormir.

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!