quarta-feira, 17 de julho de 2013

UM CONTO ESTRANHO


Parte 3

A confirmação do dia anterior veio na hora em que Bastos pediu os três pães e queria os mais brancos porque estava cansado de pães tostados e com gosto de queimados; sua voz agressivamente pedia ao rapaz do balcão que estranhou o pedido, mas agiu como a fala proferida lhe ordenara. Bastos tentou desculpar-se, porém o que lhe saiu pela boca foi que nunca mais haveria de lhe empurrar pães de quinta categoria. Resolveu não mais dizer nada, haveria de fazer-se calar, pegou o saco, pagou e correu para casa, assustado como se estivesse preso em alguém que não era ele.

Em casa defronte ao espelho mirava-se com estranheza e pavor; “está olhando o quê?”, a frase que ele mesmo dissera, fizera-lhe rir a gargalhada mais histericamente possível, só pensava que estaria louco, não tinha coragem de dar nem mais um pio; passou o dia sentado na beirada da cama numa mudez sobre-humana quando se assustou com o tocar estridente do telefone, correu a pegar o fone, mas titubeou, afastou-se, retornou, atendeu; “ah, é você seu ingrato, não telefona há tempo deve precisar de algo, desembucha logo que tenho mais o que fazer!”.

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