Parte
3
A
confirmação do dia anterior veio na hora em que Bastos pediu os três pães e
queria os mais brancos porque estava cansado de pães tostados e com gosto de
queimados; sua voz agressivamente pedia ao rapaz do balcão que estranhou o
pedido, mas agiu como a fala proferida lhe ordenara. Bastos tentou
desculpar-se, porém o que lhe saiu pela boca foi que nunca mais haveria de lhe
empurrar pães de quinta categoria. Resolveu não mais dizer nada, haveria de
fazer-se calar, pegou o saco, pagou e correu para casa, assustado como se
estivesse preso em alguém que não era ele.
Em
casa defronte ao espelho mirava-se com estranheza e pavor; “está olhando o
quê?”, a frase que ele mesmo dissera, fizera-lhe rir a gargalhada mais histericamente
possível, só pensava que estaria louco, não tinha coragem de dar nem mais um
pio; passou o dia sentado na beirada da cama numa mudez sobre-humana quando se
assustou com o tocar estridente do telefone, correu a pegar o fone, mas
titubeou, afastou-se, retornou, atendeu; “ah, é você seu ingrato, não telefona há
tempo deve precisar de algo, desembucha logo que tenho
mais o que fazer!”.
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