quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

QUEM QUER UM ANO NOVO? DE NOVO!!

Dezembro é o mês das arrumações. Arrumamos aquilo que dá para ser arrumado. Pensamos em um novo emprego, em parar de fumar, emagrecer para entrar no biquíni, em trocar de carro, sanar as dívidas, viajar, caminhar, mudar, agir, perdoar aquelas ofensas, deixar de ser assim tão mesquinho ou agressivo ou tolo, pular dezesseis ondas, prometer não gastar tanto, não comprar peru neste ano. Tudo isso por conta do ano fresco que se aproxima e nos obriga a agir dessa maneira. O ano que vem é o arquétipo das nossas frustrações e desejos reprimidos. Ele nos olha e encara perguntando sempre: “E agora vai fazer o que para melhorar ou mudar? O que você deseja para esse novo ano? Quais serão suas realizações?” Mas, sou eu é quem pergunto: E se quiser não mudar nada, se desejar continuar a ser sempre aquilo que fui e a fazer exatamente tudo igual, sem mexer uma vírgula sequer? Se estiver satisfeita com essa vida minha e com meu modo de ser? Se tiver certeza de que sou feliz assim mesmo, do jeito que está? O ano que vem está vindo arrasador como sempre, querendo cobrar de mim e de você com juros, aquelas velhas decisões e ações infindáveis, deixe que ele venha.

Mudanças? Quem sabe na primavera...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crônica curtinha



         Na feira, para comprar lichias, a senhora barganhava com o feirante sobre o preço da tal fruta. Discutiram tanto que começou a juntar gente. Do lado da senhora mais duas senhoras. Do lado do feirante seus agregados. Lá pelas onze terminaram com duas caixas contra quinze reais e os dois insatisfeitos.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CRÔNICA DA INJUSTIÇA


Fui assistir a um show de Jazz com minha família. Retiramos os ingressos com antecedência, pois era gratuito. Na fila, observei que éramos os únicos felizes. A fila, composta de muitos velhos senhores, soturnos, algumas senhoras acompanhadas de seus parceiros, casais com aquelas caras de dicionário acadêmico específico, tipos estranhos, alguns meio musicais, um tinha cara de pistom, e nós, ali, dois adultos com cara de pais e seus filhos oscilantes entre a criança e o adolescente.

         Estávamos felizes, pois era um evento único da nossa família. A porta nos abriu e seguimos para o espaço que era cercado por um enorme vidro na parte de cima; abaixo, depois das escadas, rumamos para perto do palco, bem pertinho dos instrumentos, que ali repousavam a espera dos seus donos. Sentíamo-nos eufóricos e trocamos algumas vezes de lugares uns com os outros, depois demos as mãos.

         Os músicos iniciaram e realmente era incrível. A plateia, antes, estranha, pareceu-me próxima agora, na mesma sintonia. Na parte de cima, uma senhora dançava alegremente, e alguns balançavam os pés. Meus olhos circundavam o espaço, ao lado, acima, e foi quando eu vi, do lado de fora da nossa grande redoma de vidro, um homem sujo, esfarrapado, com seu saco de latinhas, assistindo, ali em pé. Queria gritar para ele vir, “é de graça”, “desce”, e não podia. Acho que ele ouvia a melodia levemente, e seu olhar para o palco era triste.

         Não consegui mais assistir ao espetáculo, só olhava para o homem; a música ficou longe, depois de um tempo ele se foi. E eu pensava, era de graça, de graça. Não disse nada para ninguém, tentei sorrir e acompanhar com as palmas as últimas músicas, que foram aplaudidíssimas por todos que pediam “BIS”.

 A arte, meu Deus, devia ser para todos, infinitamente todos.


sábado, 10 de dezembro de 2011

CRÔNICA DE TODO DIA


           O molequinho acordou decidido a pedir para os pais a bicicleta que queria. Havia sonhado com ela duas noites seguidas. Inconscientemente sabia que a dificuldade seria grande de conseguir, pois lembrava que não tinha sido um bom menino, mas tentaria. Claro.

        A menina acordou decidida a não ser mais daquela maneira. Queria ser diferente e precisava arranjar maneiras de modificar seu ser tão confuso e tímido. Queria ser notada e percebida por todos, precisava disso. Abrir a boca; era preciso falar e ser ouvida. Sim.

        O rapaz acordou decido a contar toda a verdade. De hoje não passaria, seria melhor falar primeiro para a mãe e depois, conforme o acaso retornasse o revés daquilo que o aguardava, saberia que atitude tomar. Mas o certo é que de hoje não passaria. Certamente.

        A mulher acordou pronta para finalmente fazer o que tinha decidido. Iria de qualquer maneira acabar com aquilo, dar um basta nisso tudo. Não importava mais ninguém e sim o que de fato precisava ser feito. E faria hoje. Doa a quem doesse.

        O homem acordou decidido a mudar. Iria sair daquele lugar hoje. Mesmo que ficasse sem emprego por um tempo, não importava, não suportava mais aquilo tudo, e não queria saber a opinião de ninguém, assumiria o risco e faria sem pestanejar. Decidido.

A velha acordou e teve a certeza de ainda estar viva. Tinha sonhado com luzes muito alvas e achou que jamais abriria os olhos novamente. Passado o susto, decidiu que hoje comeria tudo que tivesse vontade, veria seus filhos e netos, recordaria mais uma vez de toda sua boa vida, sem medo, sem medo...

       

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Apenas mais um dia

Salve o dia de hoje,
há que se ter coragem
para seguir em mais
um dia.

Salve o dia de hoje
querendo sorrir mas
que diabo,  di- a-bo
que não deixa infeliz.

Salve o bendito dia
que se abriu hoje em
teimoso e turrão
querendo deixar feliz.

Salve o maldito dia
que me obrigou a
sorrir, a gostar e a
rir...

Eu que queria apenas só mais um dia!

domingo, 4 de dezembro de 2011

QUEM QUER UM ANO NOVO?


Dezembro é o mês das arrumações. Arrumamos aquilo que dá para ser arrumado. Pensamos em um novo emprego, em parar de fumar, emagrecer para entrar no biquíni, em trocar de carro, sanar as dívidas, viajar, caminhar, mudar, agir, perdoar aquelas ofensas, deixar de ser assim tão mesquinho ou agressivo ou tolo, pular dezesseis ondas, prometer não gastar tanto, não comprar peru neste ano. Tudo isso por conta do ano fresco que se aproxima e nos obriga a agir dessa maneira. O ano que vem é o arquétipo das nossas frustrações e desejos reprimidos. Ele nos olha e encara perguntando sempre: “E agora vai fazer o que para melhorar ou mudar? O que você deseja para esse novo ano? Quais serão suas realizações?” Mas, sou eu é quem pergunto: E se quiser não mudar nada, se desejar continuar a ser sempre aquilo que fui e a fazer exatamente tudo igual, sem mexer uma vírgula sequer?  Se estiver satisfeita com essa vida minha e com meu modo de ser? Se tiver certeza de que sou feliz assim mesmo, do jeito que está? O ano que vem está vindo arrasador como sempre, querendo cobrar de mim e de você com juros, aquelas velhas decisões e ações infindáveis, deixe que ele venha.

Mudanças? Quem sabe na primavera...


sábado, 3 de dezembro de 2011

DESCANSO


Hoje é o tempo da destemperança, do desconforto e do desafronto. Esqueceram todos do amor e das gentis sutilezas, dos pequenos agrados, das sutis delicadezas. O problema dos homens não é só prefixal, está agora encontrado nas almas impregnadas de desamor, descasos, desacordos, desassossegos, desastres e afins; o caso é que eles se esqueceram de retirar o des disso tudo, desenredar a novela, desembaralhar as cartas. Há que chegar o tempo em que saibamos desapegar, desanuviar, desabafar, ou ainda de estarmos, descalços, descamisados, desavisados, descarnados, descapitalizados, desnudados, para assim, melhorar nosso destino.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DES-ATINO


Amanheço e já reconheço, qual foi o eu que dormiu comigo?

Será que posso dizer nosso nome?
Me abraça de frente ao espelho e  veja!

Me olha do lado esquerdo

Que é só des contínuo...

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!