sábado, 18 de fevereiro de 2017

O JARDINEIRO

Senhor tal não fala
não tem os dentes da frente
grunhe e não se entende
arranca a flor junto ao mato
não distingue beleza de acúmulo
se oferece um prato de comida
só come sanduíche e não tem dentes
quebra os vasos de cerâmica
na rudeza é mestre do arrancar
uma rosa lhe sorri e ele não vê
que tristeza ver o mato crescer
que tristeza não ver o homem
não há nada no homem
só sabe que tem que arrancar 
homem daninho 
a rosa abriu

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

ARREGO

Na verdade há tanto medo
de tudo, da vida, da morte
do desejo e das dúvidas

Tem-se medo de amar
das baratas e bichos
dos bichos metafóricos

Há medo disfarçado de
culpa, medo do medo
travestido de coragem

Só não se pode fracassar,
pedir arrego jamais...
engole esse medo e finge que é gente!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

SONHO

             Tenho muita raiva quando gasto meus sonhos com alguma coisa besta. Aconteceu hoje que sonhei com uma tremenda baboseira. Acredito que sonhar tenha muito daquilo que passamos, vivemos e desejamos, então porque gastar os nossos sonhos com enredos tão precários? Para a Psicanálise os sonhos são ou deveriam ser as manifestações de vários desejos reprimidos. Já para a Ciência seriam uma experiencia do nosso inconsciente durante o sono. E, finalmente, para os estudiosos, místicos e adivinhas, as nossas quimeras noturnas são alvo de profundas análises e até de possíveis premonições.
               Agora que já divaguei um bocado sobre o assunto, sonhei que estava no Pão de Açúcar, não o belíssimo morro carioca, mas o supermercado mesmo, comprando besteiras, e gastando uma fortuna. Esse foi o sonho mais idiota que eu me lembro de ter sonhado. Espero mesmo que nessa noite eu possa conseguir sonhar com algo mais poético, romântico e significativo. Que maçada!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CULPA

Assim caminham
as crianças e os velhos
com uma culpa enorme 
de quererem ser os adultos
que não foram ou que ainda virão a ser.

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!