terça-feira, 5 de dezembro de 2023

PARA SER FELIZ

abrir um sorriso

abrir um doce

abrir uma garrafa

abrir os braços

e maliciosamente,

as pernas

e amorosamente,

os sonhos

e mais ainda, 

abrir a mão:

da generosidade

e abrir mão... 

da solidão!




sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

ELEGIA MENTIROSA

 

Elegia muito feliz

E assim

Eles e elas

Viram

Riram

E alegres

Pensavam

E riam mais um pouco

E muito mais agora

Eufóricos

Visivelmente estão

Pululavam

Estavam alegres mesmo

E elas e eles

Ouviram, viram e sorriram

E como estavam alegres

Muito alegres mesmo, contentíssimos

A alegria é a tristeza vestida de instante!

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A ARTE DE SE DECEPCIONAR

          Se decepcionar é uma arte. 

     Sim, na verdade uma das sete maravilhas e certamente o oitavo pecado capital. Ouvi recentemente que a preguiça é o melhor dos pecados porque, sendo ele o primordial, não cometemos os outros seis. Assim, se decepcionar é um pecado. Sim, total perda de tempo, mas... então qual o motivo? 

    A decepção, segundo o Aurélio é um substantivo feminino que significa sentimento de tristeza, descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado, que representa um mal, enorme desilusão, desapontamento,e, desta forma, a decpção é minha, eu sinto, você sente, nós sentimos. O que difere de se decepcionar, que também segundo Aurélio, é um verbo, e que quando transitivo, tem a função de provocar a decepção; mas, porém, quando intransitivo, significa ter um comportamento de fracasso. 

   Desta maneira, a decepção é um problema morfológico, da categoria das classes gramaticais, ou ainda, pensando melhor, da falta de classe, de percepção e de gentileza. 

"Seja menas" e perdoe a falta de tato! O Aurélio, esse não perdoa!

domingo, 19 de novembro de 2023

UM TEXTO QUALQUER

Hoje, escrever é tão necessário quanto dizer para quem se ama, que ama. Assim, achar o assunto também é tão necessário quanto qualquer outra coisa. Muitas vezes, muitas mesmo, fico muito irritada quando vejo coisas escritas porcamente, desculpa, tira o porcamente...quando vejo coisas escritas, do assunto que as pessoas querem ler. Enfim, estou aborrecida. Um escritor deve apenas escrever? Escrever para quem? Eu estou muito arrependida de pensar assim, mas não consigo pensar diferente. Tem tanta coisa publicada. Queria ser lida, apreciada, estudada. Muito mesmo. Antes, eu acho que eu não queria, mas agora sinto esse querer. Queria meu poema na folha da prova do Enem, com todos aqueles angustiados estudantes tentando entender a metáfora que eu fiz, e que eu nem sei o que significa, desculpa, mas eu queria. Também pensei, naquele livro de crônicas com a minha assinatura que pensei ser MCsantos, parecendo nome de navio que cruza a costa, mar afora, mas, eu queria, o tal livro cheirando a tinta, com meu nome,  impresso na mão de quem gosta de ler qualquer coisa boa. Se eu acho que aquilo que escrevo é bom? Hoje eu penso que sim. Antes eu não pensava nisso. Agora eu acho bom, mas desculpa, porque tem uma hora que achar o assunto, ver o que nos motiva, o que empurra, é tão difícil. Sim, eu queria muito o livro de poemas também, da mesma autora das crônicas, aquela MCsantos, que também escreve crônica, MCsantos, parecendo nome de funkeiro, que tem haicai, coisa de criança, aquela que escreve um texto qualquer e que não escreveu uma história ainda, talvez...porque não tinha o assunto certo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

POEMA DO RECOMEÇAR

Íamos em paralelas

Vias opostas com medo

Dos escuros dias sem luz

Das frias noites sem luar

Íamos em desalinho

Cortes sobrepostos de não

Dos nevoeiros dias sem sol

Das absurdas noites sem som

Íamos em linhas retas

Sem olhar para trás...


Amor

Íamos agora de mãos dadas 

Em lugar de sonhos há um recomeço!


terça-feira, 7 de novembro de 2023

POEMA PARA VOCÊ COMPLETAR

O DIA 

OS OLHOS

A RUA

A VIA

HAVIA  A 

A  LUA

O SONHO 


Anônimo Anônimo disse... Poema completado por um parceiro do BLOG

Adorei o desafio, instigante.

O dia frio que de pronto estava
Os olhos do pesar tristes
A rua em silêncio espreita
A via pela noite espera
Havia a justa na nova
A Lua sumida em sombra
O sonho da Lua que volta

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

LUDIÃO

INDECISO É O AMOR

NA INCONTIDA PRESSÃO

VAI, VAI, VAI...

IMPRECISO É O AMOR, E

ASSIM, VÃO OS DOIS 

EM OPOSTAS DIREÇÕES

VÃO, VÃO, VÃO...

O CORPO MERGULHADO

INEXPLICÁVEL TENSÃO

VEM, VEM, VEM...

ASSIM VEM OS DOIS, E

PARCIALMENTE IMERSOS

NA CONFUSÃO DO AMOR IDEAL

O CONJUNTO  SE TRANSFORMA

ISOTÉRMICAMENTE SEM, SÃO, SAI


O PESO DO AMOR É MUITO MENOR DOS QUE ATUAM SOBRE ELE.


terça-feira, 10 de outubro de 2023

CRÔNICA ANDARILHO

 

Há que se ter um mote para vida. É aquela coisa que não tem nome, mas que nos faz levantar e ir. Andar, caminhar, sem olhar para trás. Chavão ou não, o homem sabia disso. O homem tinha tido na vida várias motivações, porém, essa era além do óbvio porque perpassava pelo orgulho, por sua honra, determinação e necessidade, e claro, por amor.  

Pausa.                                                                                                                                

Quando o menino nasceu, ainda bebê, o homem viu que algo na criança era diferente. Talvez porque realmente era, mas, mais ainda, porque o olhar deles nunca havia se encontrado. Assim, foram os dois crescendo como pai e filho, sem nunca terem se visto de verdade. A mulher achou por bem levar ao médico, e depois do diagnóstico, nada mudou. Também nem se deve o leitor achar que precisa saber do tal laudo, e do que o menino tinha. Todo mundo tem alguma coisa, e a nossa mente é um  abismo; o fato não é o laudo, a causa, a especialidade, o fato é a motivação.

Entende.

E conforme o tempo foi passando, o que para uns se torna deficiência, inabilidade, para outros é o brilho. E o filho cresceu fora do prumo, longe da escala do cotidiano, cresceu com outro olhar. Da boca nada saia, porque o menino não falava e não olhava. Na escola o problema menor era esse, pois, como o brilho das notas era muito, mas muito maior, ninguém ligava para o restante. O garoto-gênio ia crescendo longe dos seus.

Anda.

Num certo dia, o pai reconheceu que era preciso chegar mais perto. Assim, com menos de quinze anos, foram tentar uma vaga na faculdade de Química da Universidade de São Paulo. O menino foi aceito, e posteriormente, no curso avançado, passeava na análise e descrição dos mecanismos de reação e intermediários reacionais, nos estudos das reações de substituição e reações de adição e eliminação, e não menos importante, as reações concertadas e rearranjos moleculares. Sumidade.  Aos quinze anos, se comunicava pelo brilhantismo, pelo computador, por artigos e mais artigos, prêmios, pelo que descobria e por tudo que sua ausência produzia.

 

Suspiro.

Desse jeito, o homem, então, agora tantos anos depois, nada sabia do filho, e deixava-o ser; via aquele, agora doutor, rapazote, reconhecido, nos saberes de algo que o homem desconhecia, como pai, como pessoa; ignorante no assunto da vida do filho e até o que ele estudava, sem nem saber para que servia aquilo tudo. Mas quem se importa com isso? Todo santo dia, o homem sai de casa, acompanhado do filho, nessa ordem: o filho na frente, mochila nas costas, o pai atrás, guardando, andarilhos.

 

domingo, 17 de setembro de 2023

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

SOMENTE ALGUNS HAICAIS


 

HAICAIS DA INFÂNCIA

I

 Pé de lata

No pé do menino

Saltitando para o infinito.

 

II

Boneca de pano

Com cabelos de lã

Jogados no chão.

 

III

De um estilingue,

Sai um tiro...

Assustando o passarinho!

 

 

HAICAI DA DÚVIDA

 

O rio verde

 talvez talvegue

 Pela tarde adormecida!

 

 

HAICAI DA CERTEZA

A tarde adormecida

despenca algures

cheiro de Sol !

 


HAICAI DA COLHEITA

 

Depois da outonada,

o menino apanhador

o tempo -será!

 


HAICAI DA FLOR

A rosa surgiu,

abriu apenas,

queria ser rosa.

 


HAICAI MATEMÁTICO

Passo a vida

dividindo-me,

em dízimas.

  

HAICAI DO SOBRINHO

Miro no olhar do menino

Um sorriso que salta

Acalento para o infinito

 

HAICAI DO POEMA

Dia de ideia

Rompe o bordão

Verso incendeia


HAICAI DA ESPERA

Dou alguns passos,

meia-volta e meia,

sonho e aguardo.

 

HAICAI DO SAPO

O olhar era distante...

Era apenas um sapo mudo

Que parado nem remexia

 


 HAICAI DO SAPO GELADO

Na pele, a camada de água

Nem coaxa o coitado, respira,

E aguarda o Sol do meio-dia

 

 

HAICAI DA PRINCESA

Trago no seu beijo

Ainda névoa esparsa

Gosto do silêncio

 

HAICAI SINGELO

O carrilhão

percurtido pelo anjo

badala,badala e ressoa.

 

 

 

 

 

 

As bruxinhas que sonhavam demais

 

         Diz-se por aí que duas bruxinhas eram conhecidas por inventarem demais. Passavam parte da vida, imersas em sonhos e construíam histórias muito boas de ouvir, mas que ninguém ouvia, porque já se sabia que tudo era uma inverdade. As duas feiticeiras, então, resolveram que era melhor ir vivendo, do jeito mais bobo e sem graça mesmo, porque dava muito trabalho nadar contra toda a corrente que viam e ouviam. Tanto diz-que-diz-que enche.

        Durante muito tempo as bruxinhas se olhavam com tristeza e até esboçavam uma historieta qualquer, porém, ao se lembrarem de toda enxovalhada, preferiam dormitar. Passaram tantos anos dormindo que as suas cabecinhas já não sabiam mais sonhar. As cantigas haviam sido esquecidas, nem poetar dava mais, muito menos historiar.

Dormentes, as mãos das magas estavam, e iam carregando a vida vazia, sem peso, graça e sem emoção. Ambas, então, sentadas, esperavam algo da vida quando se deram as mãos e decidiram que era hora de partir porque naquele lugar ninguém saberia mais delas. No meio do caminho, se abraçaram, os pequenos corações começaram a bater novamente e se despediram.

       Uma bruxinha foi pelo caminho da Lua.

       Outra foi pelo mar.

A bruxa que foi pelo caminho da Lua logo encontrou um lugar muito lindo, onde as pessoas que lá viviam se encheram de alegria, quando ela começou a contar sua primeira história. Todos da Vila da Lua ficaram encantados com tanta graça e magia daquela feiticeira encantada.

A outra que foi pelo mar, também encontrou sua morada e logo que chegou a Aldeia Salgada, começou a declamar seus poemas, fazer seus versos e cantarolar suas rimas. Toda a Aldeia se enchia de magia e alegria quando a estrige começava com sua poesia.

E agora, as bruxinhas que sonhavam podiam viver em paz.

 

Frames (Para Márcia Higashi)

 

Os olhos abrem e fecham

Neles, se descortinam

A íris do mundo...

 

Os olhos se abrem

A luz capta uma lágrima

A moça sorri quando vê o pôr do Sol

Uma brisa suave puxa o olhar

A luz capta uma onda

A moça se encanta quando vê o mar

Os olhos piscam em frame ciliar

 

Os olhos abrem e fecham

Neles, o cristalino

A pura visão do olhar...

sábado, 26 de agosto de 2023

MACIOTA

com o olhar ela pede

com o piscar deseja

com o andar rebola

com a boca almeja


elavemelevemelavem






quinta-feira, 3 de agosto de 2023

BILHETIM

                         Amiga,

 

desculpa o transtorno causado para você, isso é tudo que eu não queria. Como estou a cada dia tentando me corrigir ou ser um pouco melhor, lembrei que naquele dia, eu fiz uma brincadeira sem graça, sem graça mesmo, porque depois quando eu refleti, foi sem graça, embora tenham rido, "morde e assopra", e,  achei que a pessoa ficou sem graça, tal qual a brincadeira. Eu poderia ter pedido desculpa, mas só consegui refletir esses dias sobre isso. Hoje eu senti que ela quis "dar o troco" posso estar enganada, posso até estar fazendo uma leitura errada. Se foi, inconsciente ou não, não tem problema. O que importa é que eu não deveria ter esticado o assunto até o final com isso; porque certamente iria sobrar para você, que era tudo que eu não queria. Desculpa o "efeito borboleta". Não há volta, mas há o entendimento e a aprendizagem.

                                                                                     Beijos,


segunda-feira, 31 de julho de 2023

A ESCOLHA DE BRIENNE

 

Eu sei que você deve gostar de histórias de princesas e príncipes.

Não? Duvido!

Enfim, essa é uma história de uma princesa chamada Brienne, ou Bri para os íntimos, ou Berenice nas horas de levar bronca, princesa esta, que teve que fazer uma escolha bem difícil. Mesmo que você não goste dessas baboseiras de contos de fadas, vai querer saber qual foi a escolha de Briene, não vai?

Vamos lá....

Tudo começou num Reino chamado Reinópolis, e lá no castelo, viviam o rei, a rainha, e claro, sua filha Brienne, filha única e princesa de Reinópolis.

Era uma pasmaceira deliciosa a vida real em Reinópolis. Ninguém fazia nada de emocionante naquele lugar; às vezes, a rainha pintava uns quadros que eram tão feios que o rei mandava pintar de branco em cima, para ela poder pintar de novo e de novo e... chega!

O rei gostava mesmo era de comer e de jogar xadrez com o bispo, porque ele sempre ganhava todas as partidas, ou o bispo deixava o rei ganhar sempre!

Nunca saberemos disso.

E finalmente, trancada em seu quarto real, vivia nossa princesa que possuía um temperamento muito forte e também tinha bastante imaginação.

O único defeito da princesa Brienne era que ela parecia ao pai e comia tudo que se passava em sua frente. Isto era um perigo porque quando ela era mais nova comia grama, remédios, lambia tubos de tinta, comia a ração dos animais do reino, entre outras coisas, que eram mesmo para comer, como bolo de chocolate. Sempre alguém tinha que ficar de olho na princesa Brienne, para ela não comer nada de perigoso.

Agora que ela já estava uma linda donzela, só comia mesmo comida real, feita pela cozinheira ou por ela mesma, quando decidia inventar doces na cozinha do castelo. Isso também de que a princesa não comia mais coisas absurdas, nunca saberemos!

 

Mas, como dizíamos, a vida em Reinópolis era muito pacata e sem graça, dessa forma, como acontece em todos os contos de fadas, o rei quis dar uma festa para achar um pretendente para casar com Briene.

- Eu não quero me casar!

- Você não quer se casar?

- Eu não quero me casar!

- Ela disse que não quer se casar?

- Eu não quero me casar!

Nem preciso dizer para vocês de quem são as falas lá de cima. Simplesmente a princesa Bri foi categórica em dizer que não queria se casar.

Depois de ficarem repetindo as mesmas perguntas, o rei e a rainha decidiram aprontar.  Convocaram uma festança real em Reinópolis. O bispo ficou bem louco e as cozinheiras também, porque o rei ordenou que tudo fosse feito bem rápido para achar o pretendente logo.

Assim, chegou o dia da festa, porque queremos que esta história ande logo.

Todos os cavaleiros do reino estavam lá e todas as moças, e as outras princesas de outros reinos próximos e tudo estava muito lindo e alegre. A música entoava as danças e a rainha conversava animadamente com as outras rainhas. Todos estavam muito animados até que alguém disse:

- Mas onde está a princesa?

Sim. Onde está a princesa?

Ninguém sabia onde estava a princesa. O rei furioso ordenou que o bispo achasse a Brienne o mais rápido possível. A festa parou, a música parou e todos ficaram estupefatos quando viram a bela princesa descer a escadaria dizendo:

- Só me caso se o pretendente conseguir comer o que eu comer! Promete meu pai? 

Todos imediatamente olharam para o rei que titubeou e pensou que ia ser moleza essa história. A rainha tentou opinar, alertando o rei, mas ele nem esperou e disse:

- Concordo!

E como vocês sabem Bri era muito boa em comer de tudo.

 Veio o primeiro pretendente e ela deu-lhe um vaso de jardim, que era para iniciar já mostrando como tudo seria. O príncipe riu e disse que ela só podia estar de brincadeira. Brienne comeu metade do vaso e achou uma delícia. O rapaz tentou, engasgou, cuspiu e saiu correndo.

O segundo pretendente achou que também seria moleza e aconteceu igual. Brienne comeu um pedaço do vestido da rainha, comeu os arcos dos violinos, e ainda bebia goles de champanhe para saborear com mais facilidade. E assim, o terceiro, o quarto e quinto pretendentes foram derrotados e ninguém mais queria casar com uma princesa que comia tudo que via pela frente.

A festa acabou ali mesmo. Todos foram embora achando que nunca veriam outra coisa igual.

O rei desolado sentou no trono real e não sabia o que dizer. A rainha dizia o tempo todo que o rei não a tinha escutado, e que a filha tinha sido esperta demais. O bispo desapareceu com medo de ser obrigado a resolver a situação.

Enfim...

Todos nós sabemos que Brienne tinha uma escolha, uma escolha muito importante para ser feita.

E era agora:

- Meu pai e minha mãe. Sei que era desejo de vocês que eu me casasse, tivesse filhos e seguisse a vida em Reinópolis. Porém, não é isso que eu desejo. Eu quero conhecer o mundo, quero viajar de reino em reino, de aldeia em aldeia, conhecer pessoas, comer coisas diferentes, aprender outras danças e saber das coisas. Sempre vou amar vocês, mas se desejam que eu seja feliz, devem me deixar partir.

 E foi assim que Brienne fez sua escolha.

 O rei e a rainha deram todo apoio.

No começo, sentiram uma tristeza imensa, mas, conforme as cartas e os desenhos que Brienne mandava do mundo desconhecido e infinito, que ia conhecendo, chegavam, eles perceberam que o sonho dela era também parte do sonho deles e que através da escolha de sua filha, eles também seriam felizes.

 

 

 

 

 

       

quinta-feira, 27 de julho de 2023

CRÔNICA DA GENTILEZA

 

                 Naquele dia o rapaz foi conversar com a velha senhora solitária, porque sabia que era preciso fazer com que ela falasse, era preciso deixar ela falar. E vejam só como a mulher vomitou toda sua retrospectiva da vida, com pormenores e também com direito aos detalhes sórdidos. E o rapaz ouviu-a; escutou cada centímetro da prosa, porque sabia que a solidão amargava o ser. 

                 Naquela tarde a garota foi buscar a velha senhora, levou-a às compras, para a farmácia, deixou que a idosa combinasse como seria melhor o que seria feito na hora do jantar. Apenas levou-a, acompanhou-a e deixou que tudo fosse feito á maneira dela, da velha senhora, que escolhia as frutas e lamentava o dia, reclamando ao exagero de tudo,  como quem nunca viu um céu azul, ou uma flor a abrir. A garota fez tudo sorrindo, porque sabia que a solidão cegava o ser.

                Naquela noite a mulher foi ligar para o velho senhor. Deixou que ele falasse tudo que podia depois do alô, mas nada ouviu. Pensou que poderia fazer o velho dizer meia palavra, mas só ouvia a respiração ofegante do outro lado da linha. Tentou mais uma vez perguntar o aleatório, puxar a prosa, mas ouviu a mesma tosse de sempre e o pigarrear da garganta do velho, que nada de som maior emitia. Assim, decidiu dizer "boa noite", "durma bem" e "se cuide", como sempre dizia.  A mulher ligou, e ligaria sempre, porque sabia que a solidão emudecia o ser.

    Sorria: você está sendo humanizado!

quarta-feira, 26 de julho de 2023

segunda-feira, 24 de julho de 2023

FLOR

 ASSIM QUE VI

NO JARDIM A FLOR

MEU OLHO VIBROU

BRIGANDO PARA NASCER

O BOTÃO ESPREMIDO

LATEJAVA

O AMOR É ASSIM TAL COMO A FLOR

domingo, 11 de junho de 2023

PARA VOCÊ

O que não sei sobre mim,

escondo

O que não vejo em mim,

palpito

O que não trago em mim,

refuto

O que não penso sobre mim,

pergunto

O que não consigo ver em mim,

estudo

O que não deixo chegar em mim.

escudo

escondo, palpito, refuto, pergunto, estudo, escudo...


O que há em mim

não cabe em palavra, apenas em desentendimentos.

O que há em mim

se esconde, palpita, refuta, pergunta, estuda, escuda 

e fim. 

sábado, 13 de maio de 2023

VELHO AMIGO

VELHO AMIGO, SAUDAÇÕES

MEU CARO QUANTO TENHO A LHE DIZER

O PROBLEMA É QUE SEI, QUE A TAL

DA AMIZADE

NÃO BASTA PARA O LHE 


BOM AMIGO, RECORDAÇÕES

TINHA MUITO A LHE MOSTRAR 

DO PASSADO,  HORA SIM E CHORA NÃO

MAS O DIFÍCIL É ACHAR O TOM  

DA MEMÓRIA

NÃO BASTA PARA O LHE


MELHOR AMIGO, ASPIRAÇÕES

TINHA MUITO A LHE ESCREVER

DO AGORA E DO DEPOIS, MANIFESTAÇÕES

DO QUE FOI E DO QUE SERÁ, ELUCUBRAÇÕES

MAS O COMPLICADO É ACHAR O DOM

DA  PALAVRA

NÃO BASTA PARA LÊ.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

POEMA DO MUNDO

 

MUNDO

TUDO

FUNDO


Mudo

Estudo

Cabeçudo


MUNDO

CONTUDO

MUMUMUDO

MINHA HISTÓRIA (Mini-conto)

 Nasceu das mãos da parteira, num sopro da contração, andou com nove meses, ansiosa, casou cedo, ansiosa, qual é?  Não quer morrer tão cedo, a vida é longa, ansiedade é viver.

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!