sexta-feira, 24 de julho de 2020

VALSINHA

#difícilfazerpoesiaemsp#

CONDUÍTE


A mesma veia que
Me conduz é aquela
Que te leva até mim.

Nos fios que correm
Em nossas entranhas
Está a necessidade
Dessa arte que nos
Envolve, e protege.

Dos desvãos da vida
Ávida essa que se diz
Lida, escrita, guardada
Em velhos sótons da,
Nossa, boa memória
Estão aqueles sonhos  
Que através da história
Junta os fiapos da poesia
Te levando até mim.


quarta-feira, 22 de julho de 2020

SEM FILTRO


Escrevo se posso
quando ainda
possuo palavra a ser escrita
que escorre tal qual
lagartixa
o tempo encurtado
obriga o poeta
a escrever o óbvio,  o doentio desejo
das paredes sujas de pó
retiro o passado
tenho saudade
                                      da escrita volátil
                                      que fora de mim
                                      se estende ao Sol

quinta-feira, 9 de julho de 2020

MELANCOLIA


ALUMIAR


Coitado do negrinho
distraído, baio sumiu;
toquinho de vela aceso
 e o corpo no chão.

Coitado do negrinho
não dança Nhô-chico,
não escolhe mais as
moças, pela feição.

Coitado do negrinho
vive agora atribulado
só acha coisa perdida
em troca de alumiado.


Coitado do negrinho
ensanguentado no vão
nem Nossa Senhora
veio lhe dar a mão!


POEMA DO SAPO


BATOQUE



O indiozinho queria muito o seu. Havia caçado dois azulões, tudo bem que eram fêmeas e nada se pode aproveitar da plumagem parda e sem graça, ele mesmo ficou meio sem graça. Não se caçam as mulheres. Envergonhou.

Mas era hora.  Nada tiraria sua certeza. Foi ter com o Pajé. Explicou toda a sua maioridade, já era capaz de empunhar arma, trazer caça, pescar, montar seu ubá, então, era preciso ter seu batoque. Queria um de pedra, lascada e fina, das águas claras do rio, lisa e achatada, para ornar melhor e lacrar os espíritos ruins.

Pajé riu. Coçou. Olhou o curumim ali magrelo e pedinte. Prometeu um de madeira para começar, era isso que podia oferecer. Isso ou nada. Menino titubeou, olhou para a pedra de beiço do Pajé, linda; pensou; aceitou. Meio resignado sim, contudo feliz.

Agora era índio de verdade!


terça-feira, 7 de julho de 2020

COMO UM DIA QUALQUER

O TÉDIO PASSA
COMO UM DIA
QUALQUER
ELE VEM
APARECE E SOME

A BRISA PASSA
COMO UM DIA
QUALQUER
ELA VEM
APARECE E SOME

A VIDA PASSA
COMO UM DIA
QUALQUER
ELA VAI
NEM SE PERCEBE.

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!