quinta-feira, 29 de novembro de 2012

DICIONÁRIO

             Sempre gostei de ler e brincar com o dicionário. Minha mais comum tarefa, consiste em atribuir o significado que eu quiser para uma determinada palavra, por exemplo atuário; é linda, sonora e sugere algo como: s.m. 1. local específico para guardar terços; 2. sacos de tecido utilizados para guardar objetos; 3. confessionário... Enfim, é um exercício delicioso, vale a pena tentar.
             A única coisa triste dessa história toda é que ao final descobre-se o verdadeiro significado da palavra em questão e quase sempre é uma decepção. Mas, enfim, a vida é assim. Sorte dos escritores, poetas, compositores, livres para os neologismos, todos justificados pela arte.
              Ah! Em tempo: atuário s.m. especialista em seguros.
              Que maçada!
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

OUVIDORIA


                 Há uma série de poemas, glosas, trovas, quadrinhas completamente revoltados e indignados com o poeta, que não escreve, não versa, não poetisa. Desgostosos com tal procedimento fizeram abaixo-assinado, petição, artigo de opinião, publicados em jornal local, exprimindo toda ira. Agora se encontrarão frente ao juiz de pequenas causas.

domingo, 25 de novembro de 2012

SEXTAVAR


Meu olhar hexágono

Vê seu lado oposto

Inclina-me barítono

Beijo seu belo rosto

Nosso sexteto ardor

Em seu colo recosto

Nas sextilhas de calor

Nosso amor transposto

Ao infinito!

sábado, 24 de novembro de 2012

Miniconto: A formatura

                  
Na festa, orador treme, arranca papel, lateja, espuma, homenageia. A.el, lateja, espuma, homenageia,AAplausos; ao final todos se lembram de tudo, menos do discurso que se perdeu no champanhe.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CRÔNICA DO ENTARDECER


                Em um daqueles dias, cansativos demasiadamente, em que somente um ovo frito resolve seu problema, nada melhor que um ovinho frito no azeite, sem sal, claro, porque os ovos já vem salgados de suas origens, levemente estourado no pão, decidi que precisava comprá-los; e mesmo diante do arrasto fui ao supermercado, caminhando em passos rápidos, olhando para o vazio.

                Acabei por passear nas alamedas de produtos; pegava, largava, indecisa, os ovos estavam lá, mas os apetrechos eram duvidosos, pão fino, largo, fofinho, sei lá, peguei uns com gergelins. Suco, iogurte, e um chocolate para rebater, ninguém entende o que um cacau faz por nós mulheres.

            Na saída, com as mãos empacotadas, cruzei com um senhor que olhava para cima: “Que entardecer, que entardecer!”. Talvez tivesse passada despercebida à frase, se, o idoso não dissesse como disse, duas vezes. Ele se foi. Fiquei. Olhei e certamente estava lindo. O azul quase enegrecido da noite que chegava, estava armado no topo do céu e pelas beiradas, os tons de azul, lilás desciam ainda lentamente, tocando o alaranjado do Sol ainda insistente em se pôr.

            Estava lindo, mesmo. E nem havia reparado na ida. Essa é a simples lei das compensações da vida... Reparei na volta, ainda bem que deu tempo!

               

domingo, 18 de novembro de 2012

PELEJA


Fazer verso é mamata

Qualquer pode fazer

O duro é a tal bravata

Essa faz enlouquecer

 

O debate do improviso

Não é bom galanteador

Tudo fica meio indeciso

Nada de um sonhador

 

Prefiro meu verso solto

Sem medo de aparecer

Pula um tanto revolto

Mas o que há de fazer?

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

BILHETE


José,

Guardo o seu último livro não lido “Caim”, porque tenho medo de ler algo que não tenha lido ainda de sua incrível obra. Quero ter algo inédito, tesouro. Tenho relido alguma coisa antiga, trechos e fragmentos, gosto demais de “Todos os nomes” e “Conto da ilha desconhecida”, não são os mais famosos, porém os mais queridos. Abri o prefácio do livro último e a dedicatória soou-me como a mais bela de todas: A Pilar, como se dissesse água; lindo, sufocantemente lindo!

Um abraço saudoso

Marili

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

BATOQUE


O indiozinho queria muito o seu. Havia caçado dois azulões, tudo bem que eram fêmeas e nada se pode aproveitar da plumagem parda e sem graça, ele mesmo ficou meio sem graça. Não se caçam as mulheres. Envergonhou.

Mas era hora.  Nada tiraria sua certeza. Foi ter com o Pajé. Explicou toda a sua maioridade, já era capaz de empunhar arma, trazer caça, pescar, montar seu ubá, então, era preciso ter seu batoque. Queria um de pedra, lascada e fina, das águas claras do rio, lisa e achatada, para ornar melhor e lacrar os espíritos ruins.

Pajé riu. Coçou. Olhou o curumim ali magrelo e pedinte. Prometeu um de madeira para começar, era isso que podia oferecer. Isso ou nada. Menino titubeou, olhou para a pedra de beiço do Pajé, linda; pensou; aceitou. Meio resignado sim, contudo feliz.

Agora era índio de verdade!

 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL


Gravito ao seu redor

Nossa atração é Lua

Orbitamos na mesma

Intensidade e percurso

Nossas marés oscilam

Ora você, eu, e assim

Bailamos na Filosofia

Natural do Princípio.

Princípio básico do

Amor: F=( G.m.M) / (d.d)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

LINGUAGEM SUBLIMINAR


         A cada um de nós cabe a incumbência de cuidar da própria vida. É claro que somos paridos, mas depois de um pequeno tempo, passamos a andar sozinhos decidindo o que julgamos ser melhor para nós. Beba. Assim, construímos nossas vontades e escolhas, pautados pelas heranças, pelo que aprendemos e principalmente pelo que conhecemos. Coca.

         Dessa maneira, o homem decide o rumo da sua jornada, nos acertos e erros, nas dúvidas e certezas, mas o que é evidente, gira em torno da premissa de que quanto mais conhecemos, mais chances terep certamente propicia  ente gaemos de optar na vida. Pipoca. Maior é nosso leque de opções, salgadas, amanteigadas e as decisões tornam-se, no limite, coerentes e seguras, e isso via de regra, é sinônimo de felicidade.  Cheirosa.

         Conhecer e aprender, nos dias de hoje configuram-se na quantidade de informações e saberes, contudo, o que certamente propicia o ser feliz não é o acúmulo de conhecimento, arbitrário e cumulativo simplesmente. É isso aí! Beba. O saber deve servir para mudar a nossa vida, para melhorá-la e torná-la mais que um prazer, uma assertividade. Cola. Zero.

         Portanto, cuide muito bem do seu trajeto. Não deixe que ninguém tome decisões por você, mesmo que inconsciente aja por sua vontade. Faça das suas preferências algo de valor, corra os riscos, blefe consigo mesmo, estude, conheça, cavouque as predileções, laelo que conhecemos. Coca-cola assuma os riscos e principalmente, cuide bem da sua vida, porque não há ninguém melhor para fazer isso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CAMINHO TRISTE


É começo da noite, quando a pessoa decide que já é hora de ir. Recolhe o que sobrou dela naquele dia tão estúpido e vai por entre a estrada mais vazia, a mais solitária. Nesse caminho pensa, e sua lucidez dói. É tudo tão certo, tão duvidoso assim como a noite, ora escura, ora alumiada. Porém, há que se seguir, então segue, esperando que o dia logo amanheça em azul.

sábado, 3 de novembro de 2012

PARADOXO


Sempre espero demais. Defeito? Dos piores, porque a expectativa é sempre alta, o Sol deve brilhar mais intenso, sempre, muito mais, quero o cume, todas as sensações, como Pessoa também as queria... Sofro? Muito, demasia, fazer o quê com tudo isso?  Sei lá, talvez não mereça muito mais do que tenho, porém o querer todo meu torna-me viva, humana; quero gente, poesia, quero ouvir e cheirar tudo, alma voraz essa minha. Fico esperando aqui, o que der para ser.

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SAUDADE

Quando
se olha ao espelho
colhe a última
escreve a final linha
perde o sapato
empresta o livro
quebra a vitrola
fica sem ver
não cabe mais
não toca
já lembra doído
já sonha com aquilo
sente
não sente
ressente
tempo vivido
morte parida
cheiro, muito cheiro, muito cheiro...
 

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!