Nossa!
Nossa! Nossa!
Nunca
me senti tão valorizada, quantos parabéns pelo Dia do Professor, mensagens
calorosas pelo correio eletrônico, frases panfletárias de valorização, tudo
muito ufanista e hipócrita.
Às
favas com tudo isso. Desculpem-me, mas...
Sou
professora sim, diariamente, acordo professora e durmo professora, por decisão
minha, por gostar mesmo, por pensar que posso transformar com o pouco que
estudei alguma coisa em alguém. Que posso dividir e trocar meu conhecimento com
tanta gente de maneira leve e alegre, sempre.
Sou
professora sim, cotidianamente, quando tento encontrar as fórmulas para fazer
da minha aula algo que realmente tenha sentido para quem me ouve, quando
converso olho no olho com o aluno aparentemente perdido e mostro as tantas
possibilidades dele poder escolher o caminho que lhe agrada mais e poder seguir
sozinho.
Sou
professora sim, amorosamente, quando vejo o olhar do entendimento, o prazer do
ler, a dedicação do fazer, a transformação do caráter, a busca da autonomia e
da liberdade, as manifestações verdadeiras de carinho, de afeto, o dez com
louvor, a lista de mil exercícios resolvidos na raça; a busca, a busca, a nossa
busca.
Sou
professora sim, aos sábados e domingos, inclusive nos feriados, também nas
madrugadas e nos alvoreceres, porque essa foi minha escolha e não há que
mendigar salários justos, respeito e valorização, porque isso todo mundo já
sabe e essa conversa cansa e cansa demais. Não careço de um só dia feliz, por
favor, me perdoem, mas isso é ridículo.
Sou
professora na alma e mais, sou professora de mim mesma!