terça-feira, 29 de outubro de 2013

IDEIA INTELECTUAL DO AMOR ( Letra: Marili Santos; Música: Gabi Gabriel)


FIQUEI MUITO TEMPO

TENTANDO ESQUECER

PASSEI QUASE ANO

CANSADO EM SOFRER

FIZ SAMBA NO MORRO

PARA ME ACOSTUMAR

MAS NADA CONTORNA O AMOR

QUE TE FAZ PENSAR

 

ENTÃO, NEM MESMO A POESIA

NEM A FILOSOFIA

TRAZEM IDEIA DA DOR

QUE O AMOR

ESSE ARDOR QUE ME FAZ CANTAR

 

COMPREI ENCICLOPEDIA

PARA ME INFORMAR

FUI AUTO-DIDATA

PASSEI ATÉ A SAMBAR

MALDITA AURORA

BARAFUNDA DOS FATOS

SÓ CAREÇO DE UM VERSO

QUE ENFIM,

TE FAÇA CHORAR.

domingo, 27 de outubro de 2013

ANUNCIO


ANUNCIO

 

 P R O N U N C I O

    R E N U N C I O

        E N U N C I O

           N Ú N C I O

                 Ó C I O

                     C I O

                     C I O

                     C I O...

                                   SILENCIO!

 

 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NOVAS CONFIGURAÇÕES

Cortei calorias
pessoas, comentários
limpeza geral
na alma também
não quero vintém
de ninguém
nem açúcar, nem desafeto
nada salgado, oleoso, pegajoso
por obrigação
estou leve agora, bem mais leve, esperando, não sei o quê
algo novo
de mim
em mim há que se configurar Marili, em versão atualizada.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

ENTRE O SUJEITO E O VERBO


           Como é difícil ser gente, um desassossego imenso, uma luta diária, para não matar, para não pegar o que não lhe pertence, não falar mal daquele, ou disso; não desejar que se exploda. Grande dificuldade em controlar o sentimentozinho baratinho de alegrar-se diante da tragédia alheia, de fomentar aquele prazer incomensurável de rir daquele que um dia te fez chorar, saborosa-crua vingança. Sobre-humano controlar a inescrupulosa vontade de trair, de contar o segredo, de ferir, de ironizar, de diminuir, de machucar, de discutir, de apelar, e imputar a, de inventar, de mentir, de magoar. Árdua tarefa ser pessoa-da-boa, batalha insana contra a inconsciência, que torna permitido e justifica a injustiça, a selvageria, a brutalidade e a maldade gratuita. Estão todos arredios e confusos?  Os sentimentos estão arrefecendo e são já tão inúteis? Que delícia, tudo é permitido, viva a liberdade, a desculpa, a religião, o perdão, o sem querer, a ética e a filosofia, e mais ainda, a psicologia e a ciência, elas explicam o tudo. Entre o sujeito e o verbo há uma imensidão e na verdade falta a bendita da concordância, e nada há de se fazer.
Viva a literatura! Abaixo a gramática!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

CUBO MÁGICO


Quero ter toda a dúvida

Ela garante a serenidade

Não ter certeza de algo

Nem saber para que lado

Vou e qual deles é o certo

E será que há o lado certo?

E será que o canto existe?

Preciso eu de uma face?

Assim penso, antes de tudo

Assim sinto, depois do nada

Sem saber eu crio, no vazio

E sigo incerta...porém, livre.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

DESCOMPASSO


A moça olhava para a possibilidade do amor da mesma maneira que os comensais famintos olham para os quitutes deitados nas bandejas. Pensava em quando surgiria alguém que lhe completasse o corpo e com quem pudesse trocar tantas palavras que em nenhum dicionário coubessem; porque para a moça o amor era tanto feito de uma coisa como da outra.

Enquanto pensava, os moços todos a olhavam. Os que podiam olhar e os que não podiam também. A doce mulher era bela, quieta e também tão imersa em seus sonhos de romance, que não sentia os olhos cobiçosos de ninguém; porque para a moça o amor era feito mais do que de cobiça, era feito de uma coisa mais a outra.

E nessa toada o destino ainda não tinha certeza de quem reservaria para a moça dos olhos baixos, porque ela era tão distraída que não conseguiria ver o olhar daquele moço feito para ela, o mesmo moço que quer encontrar uma menina que lhe emoldure o corpo e com quem possa dizer todos os vocábulos do mundo.

Nessa toada o destino repousa, aflito e angustiado, pensativo, na espreita e de soslaio, esperando a hora certa de agir, para não haver equívoco algum; porque no grande amor desses dois, não pode haver enganos.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

DIA DO PROFESSOR: COMO ASSIM??????


Nossa! Nossa! Nossa!

Nunca me senti tão valorizada, quantos parabéns pelo Dia do Professor, mensagens calorosas pelo correio eletrônico, frases panfletárias de valorização, tudo muito ufanista e hipócrita.

Às favas com tudo isso. Desculpem-me, mas...

Sou professora sim, diariamente, acordo professora e durmo professora, por decisão minha, por gostar mesmo, por pensar que posso transformar com o pouco que estudei alguma coisa em alguém. Que posso dividir e trocar meu conhecimento com tanta gente de maneira leve e alegre, sempre.

Sou professora sim, cotidianamente, quando tento encontrar as fórmulas para fazer da minha aula algo que realmente tenha sentido para quem me ouve, quando converso olho no olho com o aluno aparentemente perdido e mostro as tantas possibilidades dele poder escolher o caminho que lhe agrada mais e poder seguir sozinho.

Sou professora sim, amorosamente, quando vejo o olhar do entendimento, o prazer do ler, a dedicação do fazer, a transformação do caráter, a busca da autonomia e da liberdade, as manifestações verdadeiras de carinho, de afeto, o dez com louvor, a lista de mil exercícios resolvidos na raça; a busca, a busca, a nossa busca.

Sou professora sim, aos sábados e domingos, inclusive nos feriados, também nas madrugadas e nos alvoreceres, porque essa foi minha escolha e não há que mendigar salários justos, respeito e valorização, porque isso todo mundo já sabe e essa conversa cansa e cansa demais. Não careço de um só dia feliz, por favor, me perdoem, mas isso é ridículo.

Sou professora na alma e mais, sou professora de mim mesma!

 

 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POEMA SEM TÍTULO


Nem tanta ideia cabe

Num mundo que é só verbo

A palavra dita já gasta de tanto uso

Sai em atropelos pela boca dos tontos

Que chega aos ouvidos dos já surdos homens...

A ideia passa assim meio desenxabida como o pássaro que pia baixinho.

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

NO ESCURO


Experimento qualquer sensação

Porque agora mais do que nunca

Necessito bastante desse mistério

Não me importo mais seja ela doce

Ou bem ácida, eu gosto disso tudo

A sensação é bem-vinda, que venha

Tonta, ou torta, arrepiada ou se enoja

Só quero que venham todas, porque é

Assim que me sinto alguém no mundo!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

POEMETO DA PRIMAVERA


Era para vir e não veio

O céu cinza ainda me deixa tristonha

Será que a rosa se abrirá?

Nem precisei regá-la, vinha a cântaros.

Um sabiá deixou cair, os ramos do ninho, do seu bico...

E eu fiquei mais triste ainda.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

BOSSA NOVA


Reunião na quarta-feira e na sexta-feira, você aluno comum faz o quê? Emenda à quinta-feira, como se nada restasse no mundo a não ser fazer isso, é óbvio. Eu faria. Diante disso, ouvi de um colega de trabalho a seguinte máxima: “Os alunos que vieram são àqueles que a mãe não aguenta em casa”!

Como nada a mim passa despercebida, a frase latejou na minha cabeça durante um bom tempo. Incomodada não sabia ao certo o porquê, passei a observar quais dos meus alunos haviam ido. Não sei mesmo dizer se a máxima proferida cabe nessa situação, não tenho competência para avaliar o gostar e amar das mães dessas crianças, mas o fato é que estavam diante de mim alunos que qualquer um chamaria de problema.

Eu mesma tive e tenho imensa dificuldade em lidar com eles, são inatingíveis, quer seja pela constante ausência, timidez, condições em que vivem, um mente demais, outro já esganou um colega, outro grita de repente na aula. Além de que como alunos são da espécie que não entregam atividades, fazem tudo pela metade, enfim, são alunos.

 Olhei para eles mais uma vez. Talvez quisessem a professora de forma mais exclusiva? Não sei. Talvez a escola fosse o único refúgio, o lugar mais legal, mesmo chato, que eles teriam para ir nesse dia frio e chuvoso? Não sei. Talvez suas mães tivessem os obrigado a ir para escola porque não os aguentam em casa, ou ainda porque não têm com quem deixa-los? Também não sei.

Não sei mesmo. Só sei que passei agora a olhar para eles de um jeito bem diferente. Não sei ao certo que jeito é esse, porque fiquei confusa demais, ando confusa demais com questões assim que eu não encontro respostas imediatas para as malditas. Penso. Que coisa. Mas que algo mudou, mudou, e disso eu tenho certeza.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

BOSSA


No final das contas, passamos o dia todo a tentar sublimar as pequenas avarias que a vida nos proporciona. Isso gasta um tempo enorme e sinto que deixo de viver um pouco mais quando passo a meditar sobre tudo o que acontece em minha volta. Queria ser meio desligada das coisas tão pequenas e inacabadas. Mas. Em mim há a torturante necessidade de enxergar quase tudo, de pensar sobre as palavras ditas, e não ditas também; de querer ver as sutilezas do mundo e já não posso mais dar conta desse olhar, ele vai em direção oposta aos meus desejos de cegueira momentâneos. E vejo. E penso.
E gasto um tempo gigantesco nisso tudo.

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!