Como
é difícil ser gente, um desassossego imenso, uma luta diária, para não matar,
para não pegar o que não lhe pertence, não falar mal daquele, ou disso; não
desejar que se exploda. Grande dificuldade em controlar o sentimentozinho
baratinho de alegrar-se diante da tragédia alheia, de fomentar aquele prazer
incomensurável de rir daquele que um dia te fez chorar, saborosa-crua vingança.
Sobre-humano controlar a inescrupulosa vontade de trair, de contar o segredo,
de ferir, de ironizar, de diminuir, de machucar, de discutir, de apelar, e
imputar a, de inventar, de mentir, de magoar. Árdua tarefa ser pessoa-da-boa,
batalha insana contra a inconsciência, que torna permitido e justifica a
injustiça, a selvageria, a brutalidade e a maldade gratuita. Estão todos
arredios e confusos? Os sentimentos
estão arrefecendo e são já tão inúteis? Que delícia, tudo é permitido, viva a liberdade,
a desculpa, a religião, o perdão, o sem querer, a ética e a filosofia, e mais ainda, a psicologia e a
ciência, elas explicam o tudo. Entre o sujeito e o verbo há uma imensidão e na
verdade falta a bendita da concordância, e nada há de se fazer.
Viva a
literatura! Abaixo a gramática!
3 comentários:
Seu texto é uma oração¨¨ perfeita da verdade. Adorei o sujeito e o verbo.....
E o seu comentário me enobrece!
Muito obrigada.
Luciege, é uma honra tê-la por aqui, muito obrigada por ler e comentar! Bjs
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