terça-feira, 22 de outubro de 2013

ENTRE O SUJEITO E O VERBO


           Como é difícil ser gente, um desassossego imenso, uma luta diária, para não matar, para não pegar o que não lhe pertence, não falar mal daquele, ou disso; não desejar que se exploda. Grande dificuldade em controlar o sentimentozinho baratinho de alegrar-se diante da tragédia alheia, de fomentar aquele prazer incomensurável de rir daquele que um dia te fez chorar, saborosa-crua vingança. Sobre-humano controlar a inescrupulosa vontade de trair, de contar o segredo, de ferir, de ironizar, de diminuir, de machucar, de discutir, de apelar, e imputar a, de inventar, de mentir, de magoar. Árdua tarefa ser pessoa-da-boa, batalha insana contra a inconsciência, que torna permitido e justifica a injustiça, a selvageria, a brutalidade e a maldade gratuita. Estão todos arredios e confusos?  Os sentimentos estão arrefecendo e são já tão inúteis? Que delícia, tudo é permitido, viva a liberdade, a desculpa, a religião, o perdão, o sem querer, a ética e a filosofia, e mais ainda, a psicologia e a ciência, elas explicam o tudo. Entre o sujeito e o verbo há uma imensidão e na verdade falta a bendita da concordância, e nada há de se fazer.
Viva a literatura! Abaixo a gramática!

4 comentários:

Anônimo disse...




Seu texto é uma oração¨¨ perfeita da verdade. Adorei o sujeito e o verbo.....

Valsa Literária disse...

E o seu comentário me enobrece!

Muito obrigada.

Luciege disse...

O artista conflita com os meros mortais, pulsa diferente, sente a dor e a alegria mais profundamente. Adorei tudo o que li. Bjs.

Valsa Literária disse...

Luciege, é uma honra tê-la por aqui, muito obrigada por ler e comentar! Bjs

DOIS AXIOMAS RALÉS

  AXIOMA AMOROSO Entender o outro É respeito Aceitar o outro: amor.   AXIOMA REVOLTO Ahhhhhhhhh! Ignorância É a matriz da acei...