segunda-feira, 30 de julho de 2012

PROÊMIO (TRICENTÉSIMA PUBLICAÇÃO)


Para todos os leitores do Blog, agradeço demais o carinho e todos os comentários e sugestões que me incentivam e iluminam. Obrigada!



Ah! A poesia átimo do poeta

Expande-se feito uma estrela

Que espia, brilha e evidencia

Traduz em versos, urdidos o

Desejo corpuscular da matéria

Matéria-prima, primazia, dona

Essa palavra pura atmosfera

Respira magia, toca ao som

Das veias entoadas, e baila

Baila, minha Valsa Literária

Desalinha todos pensamentos

Em pores-do-sol apaixonados

Sem mais medo do prazer, quer

“Ad libitum” quer “carpe diem”

A poesia surda e cega, criança

Ah! A poesia ensina-me a viver!

domingo, 29 de julho de 2012

POR EMPRÉSTIMO


Eu leio seus versos como quem sonha

Em ter na veia o mesmo ritmo e paixão

Queria ter mesma medida velha ou nova

Da boa poesia latente em meu coração

Já não sonho mais com os meus versos

Há um profundo silêncio em minha alma

Essa pobre poesia caduca na solidão

Velhinha, amedrontada, e ressentida

Como quem morre, eu ainda faço versos!




sábado, 28 de julho de 2012

INQUIETAÇÕES DO SER


Há que se conhecer toda gente. Amigos são assim, para se conhecer. Não basta querer muito bem, ou será que basta? Já não sei mais. Há que se conhecer o ser. Amigos são assim num vai-e-vem, não basta querer, ter, ver, são assim para ser. Há que aceitar o ser. Será? Já não mais sei? Há que se escolher o ser. Não basta conhecer, ver, ter, há que ser amigo, aparecer. Será? Sei não. Amigos são o querer, vem-e-vai do ser, há que se conhecer, há que se conhecer...será? Sei. Sei.




FIM DO PRIMEIRO ATO


E olha o cansaço!

Chegando...

Escrever é um tremendo sonho.

Quando acordamos já é tarde, o tempo passou.

Acho que o final está próximo, há um desânimo geral, e as palavras fugiram nos sonhos, viraram devaneios.

Cansei!

POEMETO DO MÉRITO


TENS MÉRITO.

SERÁ?

TEREMOS QUE TER MÉRITO?

AUMENTA O SALÁRIO POR MERITÓRIO?

SERÁ QUE EU SOU OTÁRIO?

MICTÓRIO?

CLIMATÉRIO?

SERÁ?

TENS MÉRITO.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

JOGO-D0-CANTINHO


No leito rio

Menino ria

Sem dentes

Ria alto e pio

Jogou pedra

Pululava rio

Empulhava

Via pedra e

Entredente

Estridentes

Entrefolha

Boia solta

Ria, ria e ria

Rio solto corria.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

FIM DA LINHA


Há um enorme cansaço

Desses de desistências

Para tudo nasce o fim

Não se quer perceber

O Sol doira e padece

Verso solto esmorece

Há sobre tudo tristeza

E mais ainda certeza

De que o final desponta

Feito estrela matutina

Sem brilho e calcina

Rebatida pela luzerna

Ofuscada e magoada

Gigante vermelha jaz

Agora em supernova.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

FINAL DE UM CAPÍTULO


Nada sopra hoje; nem o ventinho gelado da manhã. A mulher acordou cansada de tudo, até de levantar do sono dormido noite toda; nada tinha para planejar, quando se planeja é bem melhor o dia, esse acaso sem rumo não lhe fazia bem. Bocejou. Pensou em uma lista, sim uma lista repleta de assuntos a serem pensados e atividades a serem cumpridas, há que se ter uma ordem, faltava-lhe o imperativo na vida. Rascunhou os verbos do desejo, da vontade e da inspiração. Bocejou. Embolou o papel e voltou a dormir...

terça-feira, 17 de julho de 2012

CRÔNICAS E AFINS DE MARAGOGI -4


TENTAÇÃO



Umbu no rum

Delícia de cajá

Cheiro no ar

Fruta na boca

Gosto do mar.



Nativa cajazeira

Mais uma, duas

Tropical cadê mar

Três, pausa para

Água -de- coco.



Cruza umbu com

Cajá dá cajazeira

Dá cachaceira óia

Água -de- flor

Óia para o céu...meu amor!


domingo, 15 de julho de 2012

CRÔNICAS E AFINS DE MARAGOGI - 2


O homem da vida de uma mulher ou


Estar ali e olhar para trás. Olhei, relembrei e revivi todos os anos juntos, integralmente unidos. O amor é isso, é só isso: “Vice menino”. A praia imensa era o nosso caminhar. Enquanto caminhávamos por horas, o silêncio era necessário, talvez porque sabíamos que não era nada preciso ser dito; a própria cena que se rascunhava era o desenho pronto do que foi, do que está sendo e do que será nossa vida juntos, um longo caminhar de mãos dadas.

sábado, 14 de julho de 2012

CRÔNICAS E AFINS DE MARAGOGI - 1


O menino do sorriso

O Sol lá grosseiro queimava nossa sombra enquanto caminhávamos pela praia quase deserta. Ao longe, avistamos dois meninos e um cachorro. Na praia tudo é bem longe, aquela imensa areia, ora branca, ora cinza, guardava pequenas conchas e cascalhos, algumas sujeiras humanas também, mas preferi enxergar só o belo naquele dia.

No passo seguinte, depois do rio, que atravessamos e claro derrubamos várias vezes a areia lateral, numa brincadeira sem nexo, porém deliciosa, decidimos que era hora de fazer poesia, ali, na areia-papel suavemente alisada pelo vento constante de Maragogi. Havia de achar a caneta, ou a pena, como quiserem.

Achada. Não cabiam rascunhos, a poesia tinha que sair assim de chofre, como tudo por ali; algas o mote perfeito para ele. Para mim, a maré indecisa. Pensamos rápido e poetizamos no areal. Olhei para o lado e o menino sorria para mim.

Sorri o mais largo que pude na tentativa inútil de suprir aquele carinho descompromissado. “Estamos escrevendo umas poesias”, puxei a prosa, correspondida. Ele era sim de Maragogi, criança, ali, vendo, a poesia, os dois estranhos, turistas, ele sorria o tempo todo...

Perguntei seu nome. Houve uma longa pausa. Pensou o garoto, nem sei que coisa. Titubeou e resvalou e soltou: “Rodrigo”. Sei que esse não devia ser seu nome original. Tive tanta certeza disso como à mesma de que aquilo tudo era o mar salgadíssimo de Alagoas. Lindo seu nome respondi e continuei dizendo se ele queria escrever também. Não quis, nem sei o porquê, ou talvez suspeitasse, mas deixou que tirasse um retrato, um lindo e doce retrato.

Quem precisa saber seu nome!

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!