sábado, 14 de julho de 2012

CRÔNICAS E AFINS DE MARAGOGI - 1


O menino do sorriso

O Sol lá grosseiro queimava nossa sombra enquanto caminhávamos pela praia quase deserta. Ao longe, avistamos dois meninos e um cachorro. Na praia tudo é bem longe, aquela imensa areia, ora branca, ora cinza, guardava pequenas conchas e cascalhos, algumas sujeiras humanas também, mas preferi enxergar só o belo naquele dia.

No passo seguinte, depois do rio, que atravessamos e claro derrubamos várias vezes a areia lateral, numa brincadeira sem nexo, porém deliciosa, decidimos que era hora de fazer poesia, ali, na areia-papel suavemente alisada pelo vento constante de Maragogi. Havia de achar a caneta, ou a pena, como quiserem.

Achada. Não cabiam rascunhos, a poesia tinha que sair assim de chofre, como tudo por ali; algas o mote perfeito para ele. Para mim, a maré indecisa. Pensamos rápido e poetizamos no areal. Olhei para o lado e o menino sorria para mim.

Sorri o mais largo que pude na tentativa inútil de suprir aquele carinho descompromissado. “Estamos escrevendo umas poesias”, puxei a prosa, correspondida. Ele era sim de Maragogi, criança, ali, vendo, a poesia, os dois estranhos, turistas, ele sorria o tempo todo...

Perguntei seu nome. Houve uma longa pausa. Pensou o garoto, nem sei que coisa. Titubeou e resvalou e soltou: “Rodrigo”. Sei que esse não devia ser seu nome original. Tive tanta certeza disso como à mesma de que aquilo tudo era o mar salgadíssimo de Alagoas. Lindo seu nome respondi e continuei dizendo se ele queria escrever também. Não quis, nem sei o porquê, ou talvez suspeitasse, mas deixou que tirasse um retrato, um lindo e doce retrato.

Quem precisa saber seu nome!

2 comentários:

marly disse...

Linda a crônica do Rodrigo de Maragogi.Mas fiquei imaginando qual seria seu nome...doce retrato...amei mamy

Valsa Literária disse...

Sei que não se chamava Rodrigo, mas pouco importa agora!
Beijos Mamy

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