sexta-feira, 13 de abril de 2018

DOÇURA

Aquele pai que sempre quisera ser pai, segurava a filha, que sempre soube que seria sua filha, balançando-a num ritmo suave. Segurava a menina em um dos braços de barriga para baixo, que era para evitar dores de barriga, e enquanto balançava, a menina cantava para si mesma uma melodia sem palavra, apenas o som acalmava a ambos, na doçura da eternidade.

terça-feira, 3 de abril de 2018

DIALÉTICA

Se tenho dúvidas?
todas
sempre.

Há em mim a maior indecisão
não sei quem sou
não sei quem você é
muito menos eles, muito menos eles
refuto todos os seres
mais ainda os ininteligíveis
refuto a mim mesma
oscilo feito pêndulo
entre querer e não querer
sentir ou não sentir
tenho todas as dúvidas possíveis
e há um certo conforto em ter dúvidas
já que a vida é provável
os sentidos são possíveis
e os sentires confusos

Se tenho verdades?
todas
nem sempre.

Há na verdade uma indecisão de mentira
uma aparência de certeza
um gosto que não se firma 
e ainda, meu deus
uma opinião mal formada
que teimosa, que teimosa
que oscila para lá e para cá
entre dizer e não dizer
ferir ou não ferir
refuto a verdade e mais que tudo refuto a mentira
deles, de mim e principalmente deles, deles
e há um certo conforto em mentir
já que a vida é um passatempo
e começa a nos tirar a graça
desde logo cedo



REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!