quinta-feira, 14 de setembro de 2023

As bruxinhas que sonhavam demais

 

         Diz-se por aí que duas bruxinhas eram conhecidas por inventarem demais. Passavam parte da vida, imersas em sonhos e construíam histórias muito boas de ouvir, mas que ninguém ouvia, porque já se sabia que tudo era uma inverdade. As duas feiticeiras, então, resolveram que era melhor ir vivendo, do jeito mais bobo e sem graça mesmo, porque dava muito trabalho nadar contra toda a corrente que viam e ouviam. Tanto diz-que-diz-que enche.

        Durante muito tempo as bruxinhas se olhavam com tristeza e até esboçavam uma historieta qualquer, porém, ao se lembrarem de toda enxovalhada, preferiam dormitar. Passaram tantos anos dormindo que as suas cabecinhas já não sabiam mais sonhar. As cantigas haviam sido esquecidas, nem poetar dava mais, muito menos historiar.

Dormentes, as mãos das magas estavam, e iam carregando a vida vazia, sem peso, graça e sem emoção. Ambas, então, sentadas, esperavam algo da vida quando se deram as mãos e decidiram que era hora de partir porque naquele lugar ninguém saberia mais delas. No meio do caminho, se abraçaram, os pequenos corações começaram a bater novamente e se despediram.

       Uma bruxinha foi pelo caminho da Lua.

       Outra foi pelo mar.

A bruxa que foi pelo caminho da Lua logo encontrou um lugar muito lindo, onde as pessoas que lá viviam se encheram de alegria, quando ela começou a contar sua primeira história. Todos da Vila da Lua ficaram encantados com tanta graça e magia daquela feiticeira encantada.

A outra que foi pelo mar, também encontrou sua morada e logo que chegou a Aldeia Salgada, começou a declamar seus poemas, fazer seus versos e cantarolar suas rimas. Toda a Aldeia se enchia de magia e alegria quando a estrige começava com sua poesia.

E agora, as bruxinhas que sonhavam podiam viver em paz.

 

3 comentários:

Marly disse...

Adorei....
Lindas bruxinhas.

Marly disse...

Adorei....
Lindas bruxinhas.

Valsa Literária disse...

Obrigada Marly, beijos

REGISTRO GERAL

Uma foto um número outro número uma mãe sem pai não declarado assinado com dedo de tinta. Agora é cidadão para valer!