É possível
parcelar as mágoas em suaves prestações? De preferência sem juros, porque
ninguém merece juros disto. Já tive que inutilizar minhas ações, então, por que
tenho que ainda pagar por isso tudo? Por favor, parcele. Parcele essa dívida
comigo mesmo, para que eu possa entender tamanho boicote social, para que eu
possa compreender o motivo pelo qual as pessoas te excluem, se excluem, me
excluem. Fui um mau garoto? Somos boas garotas? A quem os olhos viram ações errôneas?
Minhas opiniões problemáticas te tiraram
da zona de conforto, ou me colocaram na cova? Meu comportamento foi inadequado
ou você se viu no espelho?
É possível
parcelar as mágoas em pequenas prestações? Por favor, parcele minha angústia em
prestações para vida toda, para que eu tenha tempo de pagar essa dívida moral
comigo mesmo; para que eu possa acertar esse déficit a longo prazo e perdoar a
minha inadimplência com esse ser humano que é desprezível, que faz julgar e
sofrer tão facilmente. Por acaso todo esse descaso se deve ao fato de que não é
possível aceitar o que outro diz? Tem coisa que é inafiançável: a fome é
inafiançável, a morte, a pobreza. Não cabe aceitação. Você por acaso já sentiu
alguma coisa dessas? Se sim, então, parcele, por gentileza.
Não.
É possível
providenciar o cancelamento das minhas mágoas? É que o comprador se enganou na
compra, o produto veio com atraso e foi entregue em desacordo com o anunciado. Cancele, por
gentileza!
4 comentários:
Gostei muito.bjoss mami
Obrigada, mamis linda
Zona de conforto e boicote social estão no centro da questão, penso eu. As tecnologias da informação e da comunicação foram moldando o comportamento humano nas duas últimas décadas, quando as pessoas passaram a viver em bolhas de opiniões iguais e puxa-saquismo. Mudaram o ser humano e mataram a política e a tolerância, e a convivência com a diversidade. Para não se mexer na paz medíocre que existe nas bolhas de concordância e mesmice - zonas de conforto - o boicote social...a cada dia, mais endividados estaremos... boas reflexões e questionamentos na crônica. Abração!!!
Valeu, meu amigo!
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