segunda-feira, 5 de setembro de 2011

OBSESSÃO AO GOSTO DO FREGUÊS ( PARTE FINAL)


FINAL ROMÂNTICO

Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.

Escutou a fechadura da porta e cravou o olhar naquela direção. Eleonora entrou silenciosa e linda. Os dois cruzaram os olhares. Ricardo fotografou a mulher e congelou a imagem: bela, simples, companheira. Eleonora caminhou para perto dele e sentou-se no outro sofá.

Tudo bem?

Por que não dormiu aqui?

– Achei melhor ir lá para Claudinha. Conversamos, foi ótimo. E você?

– A louca e chata da Maria Cristina ligou hoje, agora pouco. Estive pensando se não era melhor mudar o telefone, mudar daqui, sei lá, quero ficar em paz com você. Não quero que durma fora. Vamos casar? Isso, nós já moramos juntos há tanto tempo. Nos casamos e mudamos sem telefone...

– Que deu em você?

– Certeza.

– Certeza?

– É. Do meu amor. De você. Certeza total.

– Que coisa.

– O quê?

– Não sei... tudo isso. Loucura.

– Você não respondeu.

– Não sei o que dizer. Fiquei surpresa. Criei uma expectativa tão ruim, que confesso que agora não sei o que responder.

– Sim.

– E a louca?

– Que se dane. Mando o convite de casamento, pior, a Laura conta como uma fofoca e aí batemos o telefone na cara dela, rasgamos todas as cartas que chegarem...

– Seu doido...





FINAL REALISTA



Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.

Pegou o telefone e decidiu ligar para Maria Cristina.

– Oi.

Sabia que ia ligar.

– Por que a certeza?

– Senti na sua voz um desejo, como se estivéssemos juntos e próximos. Como se não tivessem passados os três anos.

– Por que me procurou?

– Arrependimento.

– Agora que eu estava bem, com outra pessoa.

– Se estivesse realmente apaixonado não estaria falando comigo agora. E também não é essa questão.

– Não é verdade. Só quero esclarecer as coisas.

– Vem para cá esse fim de semana. Preciso ver você. Fica aqui em casa. E assim podemos esclarecer o que quiser.

– Arrependimento do quê?

– De tudo. De não termos ficados juntos, da minha escolha errada...

– Fala isso agora, por que não me procurou antes?

– Ricardo, nossa hora é agora. Eu sinto isso, você tem medo de quê?

– Não tenho medo.

– Então vem!

– Vou ver...





FINAL INUSITADO



Ricardo estava sentado e ainda segurava o telefone, meio atônito pela situação vivida instante antes. Percorreu na memória e formou uma espécie de linha do tempo, recordando os fatos, costurando acontecimentos, recuperando as mágoas, revivendo alegrias. Todo esse movimento foi intenso e de profundo desgaste.

Ligou para Eleonora e conversaram por algum tempo. Eles discutiram e acabaram decidindo que era melhor mesmo cada um ir para o seu canto. Acabaram aceitando que a relação estava desgastada e que talvez, estivessem apenas adiando o que seria inevitável. No final da conversa que era mais amistosa acertaram os pormenores do quem fica com o quê.

Ligou para Maria Cristina e desceu o sarrafo. Vomitou os três anos de mágoa embutidos, pediu que ela evaporasse de sua vida, foi enfático, grosso, e perverso. Xingou de louca obsessiva, fez a mulher chorar, certificou-se que nunca mais ela o procuraria.

Um mês depois, Ricardo estava de malas prontas para a sua viagem. Levou bastante coisa. Talvez passasse aquele ano todo percorrendo os lugares que ele sempre quis. Nada de amores passados, de obsessões vividas. Levaria o dinheiro guardado para que pudesse trabalhar por lá um tempo. Fotografando a cultura dos povos, a paisagem toda, as belezas, os rostos e as almas...

Inclusive a sua.


7 comentários:

Nadine Granad disse...

Amei...
Tudo, todos...
Gostei do final romântico... acredito no amor como chave redentora, rs...
... MAS admito que o final inusitado... the best!... Ficou "a cara" do Ricardo, rs...

Beijos =)

Valsa Literária disse...

VALEU NADINE, DECIDI CRIAR TODOS OS FINAIS QUE APARECERAM NA MINHA CABEÇA, QUE SABE AGRADO A TODOS, ÍMPOSSÍVEL !!!1

Valsa Literária disse...

Pelo menos o final inusitado não foram as duas terem se apaixonado...RSRSRSRS

P.s disse...

Ameii ..acredito que o inusitado foi intenso...o bom desse foi a parte dos 3 anos de mágoa jogados na cara de Maria Cristina.

O romântico é minha cara, porem sempre acreditei na insegurança de ricardo ...e que uma hora iria responder as ligações de Cristina.

Enfim adorei os 3 (principalmente o romantico, que na minha opinião será sempre indispensável)!.

julio disse...

Eu me vi dentro do Ricardo(sem pederastia) enquanto lia o conto, com certeza o meu final seria: Joga na cara da otária da Maria Cristina o que ela perdeu... Manda a Eleonora pastar, me dediquei tanto a ela e ela vem com "frescurinha"? Vou viver minha vida, nunca é cedo nem tarde para se encontrar o verdadeiro amor... Ou quem sabe, com muita sorte, verdadeiros amores...

julio disse...

Ah sim, como pude esquecer?! Eu iria ao encontro de Maria Cristina, unica e exclusivamente para sentí-la em meus braços, e em nossa intimidade demonstrar uma paixão raivosa ardente e passageira.

Valsa Literária disse...

Todos querem o amor verdadeiro, mas ninguém consegue, muitas vezes, VER o amor verdadeiro...

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