quarta-feira, 22 de junho de 2022

PRÔ

 

E não se fala mais nisso...

 

                Não me lembro de quando decidi ser professora. Talvez o destino tenha me empurrado e dito “vai que você leva jeito”. Porém, mais do que ter jeito para a coisa, descobri que um professor precisa de absolutamente tudo o que cabe num ser, pois é alguém inolvidável. Dos ruins, carregamos os traumas, dos bons as lembranças, mas o que não se pode negar é que aprendemos com um professor.

                Nessas quase duas décadas que leciono, passei por acertos, erros, tentativas, enganos e a cada dia que passa, sinto que estamos por um fio, eu estou. Tanta gente já esmiuçou o problema da educação, o desprestígio do professorado, as metodologias ultrapassadas e as novas que não dão certo; os distúrbios que dificultam o aprendiz e também o mestre evidentemente; novos nomes para velhos problemas. Enfim, acho muito relevante que alguns estudiosos tentem achar o cerne da questão, principalmente daqueles que o fizeram de forma séria e comprometida, merecem meu respeito.

                Longe de discutir a salvação dos problemas da Educação brasileira minha intenção é saber o porquê alguns de nós não desiste. Por que eu não desisto? O que nos move? Diante disso, passo algumas horas do meu dia, em meio ás aulas, provas, preparações, estudos, diários e afins, pensando o que faria para não desistir e abrir uma lojinha no fim da esquina.  O que de fato, no entanto me fomenta, por incrível que pareça não é um bônus por merecimento, ou uma provinha por mérito, ou ainda, a participação nos lucros da escola, são os alunos.

                O que move verdadeiramente uma professora- porque eu ainda vejo isso no rosto de algumas colegas de trabalho- o que me motiva é a pessoa, ali, entregue, o sorriso do aluno, seu interesse pelo desconhecido e a possibilidade de ser conduzido, mesmo que tortuosamente, ao caminho da descoberta; é aquela carinha de entendimento, aquele texto bem escrito por ele e muito melhor até do que nós mestres faríamos, as homenagens, os bilhetinhos de amor, o respeito pelo meu conhecimento, a entrega e a confiança dos pais em mim e no meu, no nosso trabalho, porque para eles o que resta é apostar na gente.

                Sem apologia, sem levantar bandeiras, é simples assim. E não se fala mais nisso...

               

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