quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Crônica dos confins

 

Tudo aumentou nesses meses de confinamento, as contas de água e luz, a comida, o arroz, veja só, quem diria, o arroz; e também tudo aumentou dentro da nossa casa, dentro de nós mesmos, dentro desse universo pandêmico. O nome, pandemia, caracteriza bem como nos sentimos, de mãos atadas, presos em uma cela imaginária, em que todas as coisas ficam enormes e muito mais difíceis. Pensar nisso tudo gera um enorme desgaste e buscamos uma paz e alegrias que estão raras em vir.

Entender tudo isso, quais são os limites do meu eu?E do teu? Quer que eu te ajude a arrumar a casa? Que te ajude a ficar bem? A limpar as coisas? A fazer comida? Se me perguntam isso, se te perguntam, talvez seja porque a obrigação de limpar, cozinhar e ficar bem, seja minha e tua. Tudo fica tão enorme, um gesto, meu, teu, uma fala, uma falta de percepção... E o que fazer se todos estão na desesperada tentativa de se manterem ilesos diante de tanto desconforto, e de tanto medo? Nada.

Esperamos a vacina da mesma forma que esperamos que tudo passe logo, porque já não sabemos mais o que fazer com o que descobrimos sobre nós mesmos, sobre os que cá estão junto de nós, sobre o mundo, as pessoas, o arroz, as matas, as burrices dos homens, as maldades, os....os confins da fragilidade humana.

 

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