Parada
no carro em frente ao metrô. Espero. No rádio toca Dream a littte dream of me. Aumento imediatamente o volume e num
inglês parco e desafinado tento reproduzir o jazz envolvente. Meus dedos correm
o volante-bateria e meneio a cabeça para lá e para cá. Olho. Logo a frente um
homem vem vindo. Andar é arrasto. Rosto de cansaços. As mãos arrebentadas
denunciavam um possível trabalhador braçal. Penso nisso. Volto meu olhar. Ele olha
para mim. Passa pelo meu lado direito e seu passo é lento. Mais lento. Penso em
assalto, não respiro e tampouco olho para o lado. Ele diminui mais o passo. Ele
ouve a melodia que estava no ápice do refrão. Ele meneia a cabeça. Sorri. Atravessa
o corpo do carro e percebo que seu andar é outro. Pelo retrovisor vejo agora
que os seus passos são embalados, ritmados pela agradável melodia... e anda e
sonha e dança.
Mal reparei
que a música havia acabado. Envergonhada. Melancolicamente muda. Assalto? A gente
pensa. Tem medo de. Gente. Sente. Sinto tanto.
Felicidade
é andar sonhando.
4 comentários:
Impressiona a percepção do singelo momento. Como você está escrevendo cantando e sonhando. É a pura felicidade ou o assalto das atenções dos desatentos?
Demais besta.
Tudo isso, talvez!
... sonhando e sorrindo.
Marilinda, poetizando a vida e seus assaltos. Todos.
Beijo gigante!
Oi Alê, que saudades suas...
Beijos mil!
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