Amarro meus sapatos. Se os amarro, ainda, curvando-me sobre a barriga que se encolhe e vou até os cadarços para entrelaçá-los por entrededos, sei que ainda manejo minha vida. Ora, então, espanto as pombinhas todas tantas quando sinto o pouso demasiado, assim como bebo do gole amargo e trago a fumaça vazia. Faço da minha mordaça quando necessito grito e julgo a mim o que é fato. Ora, pois, que vem de dar de ombros a vida em minha cara, põe a rir-se estúpida e estragada em dentes esburacados. Respondo à dita com o mesmo rancor, porque já não mostro os dentes á toa. Olho com olho esbugalhado, bem abertão mesmo, longe de ser tapeada, sou estúpida, não pulha, sou pudicícia, graças a deus. E com os peitos derrubo a derrocada, paulada nela, porque brava sempre fui e hei de ser até bem velha e sem dentes também. Pago meus impostos, pago meus pecados e tenho tido todos nesses tempos de carências tamanhas e também pago meus vícios, porque tenho tantos necessários prazeres viciados em vícios, já que os vicio, vicissitudes e pago bem, muito bem. Ora, mais, que por tanto tempo temos esperado que a bosta seque antes mesmo de sujar meus sapatos nela ainda molhada, nesses dias em que há tanta bosta para ser pisada, amarro meus sapatos, estão limpos, bem sei que estão e dou gargalhadas para vida!
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