Não é que queira que o tempo passe tão depressa e que as folhas caiam uma a uma, contando os meus dias, os nossos dias, os dias que deixamos de nos ver, os dias que eles deixaram de se falar, também as horas que ficaram de se ver e não se viram, os dias todos nublados que me deixaram dormir e a vocês também, e claro os dias de sol que bateram na minha cara e na sua e naquela cara que não queria sol. Não é que eu, você e eles queiram que os dias passem rápido, porque os dias das crianças demoram muito a chegar e se eu soubesse que os dias eram ligeiros em acontecer eu teria esperado com mais parcimônia e paciência e teria me entregue ao tempo. Não sei mais se quero o tempo passando nas minhas fuças, nas suas e nas daqueles que precisam que ele passe por algum motivo, ou porque querem esquecer da morte, ou porque suas tristezas custam a dobrar o pensamento e alojarem-se no esquecimento, ou porque querem que chegue logo o dia de nascer e casar. Não é que eu queira que esse tempo volte a andar amiúde. Não. Só queria que ele me acompanhasse os passos.
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
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