tem dia que fico cansada
de mim
como se quisesse
sair desse lugar que eu habito
das mesmas
ladainhas que penso
meu jeito
ah... que jeito é esse?
discuti comigo e nada saiu agradável
eu queria mudança
no hábito
se as tenho hoje
foi porque, por algum motivo
desliguei de mim
sabotei meu eu
e se agora me vejo assim cansada
confusa
é que deixei para o ontem meu outro ser
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
ARROUBO
Em mais de tantos anos não tinha pegado em suas mãos para que andássemos lado a lado, e não precisássemos nos mirar, porque sabíamos que não era preciso...
o caminhar
teria sido mais fácil
de mãos dadas;
Eu não teria ficado tão triste, tão assustadoramente triste, quando você me olhou e não me reconheceu, e assim num fragmento do segundo da sua memória que já não mais existia, você sorriu com uma lagrimazinha que escorreu pelo canto do olho
teria sido mais fácil
falta em mim coragem
no caminhar.
o caminhar
teria sido mais fácil
de mãos dadas;
Eu não teria ficado tão triste, tão assustadoramente triste, quando você me olhou e não me reconheceu, e assim num fragmento do segundo da sua memória que já não mais existia, você sorriu com uma lagrimazinha que escorreu pelo canto do olho
teria sido mais fácil
falta em mim coragem
no caminhar.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
POEMA ELEMENTAR
não é simples
mas é como olhar
o seu olhar, que vê natural
ou não
vejamos, é óbvio
depende da harmonia
do nosso havia
se há cadência
no dia a dia
depende da melodia
e do meu humor
seu horror
se há analogia
fica complexo
ainda há amor?
elementar é a nossa vida
mas é como olhar
o seu olhar, que vê natural
ou não
vejamos, é óbvio
depende da harmonia
do nosso havia
se há cadência
no dia a dia
depende da melodia
e do meu humor
seu horror
se há analogia
fica complexo
ainda há amor?
elementar é a nossa vida
sábado, 11 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
INATINGÍVEL
A claridade rompe minha
Retina e desloco o corpo
Para o lado do desconhecido
Um ranger de dentes assombra
E sinto uma vontade adocicada
De ter o inatingível
Meu ser agora desconfia
Do óbvio, do meu-daquilo
Quantas vezes respondo para aquelas indagações que me
deixam com a maior dúvida do mundo?
Ignóbil meneio minha cabeça
Ao que não posso ter
A claridade é doentia
O corpo me assombra
O ranger das retinas é desconhecer-se!
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
QUEBRA-MAR-DE-SONHO
O
garoto estava sentado no quebra-mar do Porto de Barra dos Coqueiros. Os pés
balançavam ao vento que soprava agora do mar para a terra. Atirava o olhar para
as embarcações que reluziam seus contornos nas águas salgadas ora onduladas. Uma
sensação de tranquilidade lhe vinha ao corpo toda a vez que ali sentava; quando
tinha pensamentos ruins, quando eram bons e esperançosos, quando queriam
escapar-lhes da mente, enfim, esse era o seu lugar no mundo.
Poucas
vezes ganhava uns trocados por ali, dos marujos e fiscais da receita. Mas seu
sonho mesmo era entrar num daqueles cargueiros e com olhar de pedinte ficava
ali postado quando algum atracava. Sem coragem de pedir, apenas insinuava, mas
na vida as pessoas fingem que não entendem as indiretas, porque para elas é
mais cômodo assim o fazerem.
Naquela
tarde de fim do dia, um imenso navio espanhol havia atracado por ali, o menino
correu para ver a lindeza que era. Observava atento para os guindastes que iam
e vinham, descendo os contêineres carregados de sei lá o quê. Muitas vezes era
enxotado dali, porém dava um jeito de se esconder, sempre queria ver o capitão
que trazia barbas, sim, quase todos tinham barbas espessas e uma cara de
felicidade estampada.
Estava
nessa espera quando o homem desceu; em seu olhar carregava o peso da
responsabilidade e conferia se a carga estava sendo retirada corretamente. O moleque
fixou o olhar no altivo sujeito que imediatamente virou e sorriu por estar
sendo também vigiado. O guri arregalou os dentes e sorriu. O capitão acenou
para que ele viesse.
O homem
de barbas grisalhas não disse palavra. Pegou na mão do menino que a estendeu
sem saber motivo e caminhando, calados, subiram as escadas do navio, percorreram convés, ponte e
chegaram à torre, desceram ao porão, passaram pela casa das máquinas e
culminaram na cabine.
Lá o menino recebeu o quepe na cabeça e ficou rindo com barbas imaginárias; depois foi devidamente autorizado a
tocar o apito da embarcação que soou aos sete mares e aos ventos de Sergipe.
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