quarta-feira, 5 de março de 2014

SORRISO CAPIXABA


Senhor Domingos ia de um canto para outro da barraca, com o facão em punho, pronto para abrir vários cocos. De imediato o rosto era sisudo, mas quando dissemos que a banana da terra frita estava espetacular, seu sorriso capixaba abriu-se em flor e daí por diante ficamos velhos conhecidos. Isso tudo, o homem, sua família, a sua barraca de sobreviver, montada ali, diante da praia linda, me fizeram pensar no Brasil, na sua gente, na boa gente que ainda resta, que devolve um sorriso diante de um elogio banal, do esforço que se faz para ainda ter prazer em viver.

Se eu fiquei melancólica? Muito. Demais.

Fizemos tudo de mais simples, construímos castelos de areia, caminhamos, tomamos picolés por um real, queijo de coalho assado por outros trabalhadores que iam de lá para cá na areia quente, água- de- coco, pegamos ondas, ralamos os joelhos e engolimos água salgada, muito Sol, quase insolação;  íamos na barraca do Senhor Domingos e aproveitamos tudo que era possível fazer de bom e de simples. E foi tão maravilhoso.

Se eu fiquei pensativa? Muito. Bastante.

 Agradecida? Por demais.

Eu estava por ali, de férias, pequenas férias, um privilégio, para poucos, hotel de primeira, com vista escandalosa de uma praia brasileira; dinheiro bem juntado e muito bem gasto, claro, mas o bom mesmo foi comer mandioca, banana da terra e ganhar o sorriso generoso do Senhor Domingos.

Um comentário:

Anônimo disse...

É a mais pura verdade!!!

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