sábado, 27 de janeiro de 2018
CRÔNICA DO ACONCHEGO
Chegou em casa e o cansaço era tamanho que não teve tempo de olhar para nada, entrou no banho para que toda água levasse embora a tristeza, a raiva e a angústia que sentia, tudo era tão desolador, o caminhar em passos lerdos e pesados, a vida sem sentido, sem dinheiro, sem esperança, como se vive sem esperança, como se vive sem poder ter algo de certo, uma coisinha sequer de certeza, de comer, de pagar, de gastar, certeza de que vai ser melhor, nada é tão certo como o banho, o esfregar de um lado ao outro, o banho há de ser rápido, assim como tudo nessa vida que passa rápido quando deveria ser devagar e os sorrisos nem se veem de tão ligeiros, secou, escovou, comeu o que tinha e sentou na minúscula sacada e viu o céu da noite cinza da cidade cinza, e só pensava que era tão ruim, e pensou por um instante do porquê disso tudo, e a borboleta feia pousou na grade da sacada, e a borboleta marrom de asas enormes e feias tinham olhos para ele, batiam algumas vezes e paravam, ele enxotou o bicho feio, que saiu e voltou, e pousou na sua mão, e com nojo empurrou para longe, e bateu, e o inseto grande, bateu asa e parou no chão, compassada as asas batiam em cadência leve, e a borboleta feia olhava para ele e agora ele olhava para ela, desistiram um do outro...ela se foi pela noite, ele deitou e se foi pelo sonho.
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