sábado, 16 de agosto de 2025

POEMETO COM MOTE

Mote: Por fora não se nota, mas a alma anda-me a coxear há setenta anos. 

(Saramago em As pequenas memórias) 



Qual alma não vacila?

Oscila...

Qual alma caminha?


Minha alma hesitante

manca

alma capenga

caminha, caminha, caminha

Solitária! 




sexta-feira, 15 de agosto de 2025

DOIS AXIOMAS QUAISQUER

 

Por dois amores infinitos passa uma única reta paralela. 


Por um ponto de vista, passa uma única reta paralela,  

chamada de opinião.



domingo, 13 de julho de 2025

Crônica da saudade e um poema sem vergonha

Faz tempo que não tenho tido tempo para escrever. Li hoje uma frase de um amigo em seu Blog: “Sempre que penso em parar de escrever, depois de alguns dias volto atrás e venho aqui burilar alguma coisa do que vai em minh'alma. " (*) 

Li a frase e pensei que tinha que escrever sobre alguma coisa, pois, a necessidade de se dizer algumas coisas, de burilar algo, assim como o amigo disse, que tenho dentro de mim, estava acumulada por muitos meses. Não tenho tido tempo. Saudade.

Escrever hoje é muito necessário! Não para que alguém leia, mas porque preciso que essas coisas saiam de mim. Eu penso demais em tudo. Tudo em mim sai exagerado, eu rio demais, choro demais, observo muito e acredito que todas essas emoções uma hora tem que transbordar e se firmar em algo escrito. Dito isso, ou dito quase isto, não sei se vou conseguir terminar esta crônica como uma crônica. Numa época em que as emoções se confundem todo o tempo, época que estamos muito cansados de tudo, que ninguém sabe mais se é poema ou crônica, se estamos aqui ou acolá, que não sabemos quem somos...  quero poder escrever de tudo um pouco, bem livre,  assim, segue o final...

Poema sem vergonha

Um poema sem vergonha

Nasce...

Se fosse assim, sem burilo

Seria sem-vergonha

Suponho...

A palavra com retoque

Surge...

Se fosse assim, a esmo

Seria improviso...

Um verso sem sentido

Confunde...

Se fosse assim, planejado

Seria estudo...

Um poema sem vergonha

Nasce...

Se é assim ... sentido

Impressentido!

 

 

*Frase retirada do Blog: https://blog-do-william-mendes.blogspot.com/ Instantes

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

QUADRINHA DA CIDADE ALAGADA

O POÇO DE VISITA SE ENTUPIU

DE TANTA VERGONHA FALHOU

DE TAMANHO DESCASO RUIU

BUEIRO, SEU NOME É DINHEIRO!

sábado, 25 de janeiro de 2025

JARDIM DO ÉDEN

 Mote: A história acabou, não haverá nada mais que contar. (Saramago, em Caim)


No bar, o homem embriagado, narra a história da sua vida para o garçom, que  muito pouco ou quase nada interessado, escuta apenas, na intenção de vender mais cervejas. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

TRÍVIA

                                                       




 

 

F E L

     v I C I o

      D o r

      A m o r

      D E S

   

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

TRIPALIUM

 

Imobilizada

Ainda trabalho

Muda a regra

Ainda trabalho

Paga pedágio

Ainda trabalho

Deixo o vislumbre

Ainda trabalho

É o fim

Sem atalho

Que nada...

Mais uns anos de tortura

Sem atalho

É o fim

Ainda trabalho

Deixo o vislumbre

Ainda trabalho

Paga pedágio

Ainda trabalho

Muda a regra

Ainda trabalho

Imobilizada

 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

CRÔNICA EXTEMPORÂNEA

É possível parcelar as mágoas em suaves prestações? De preferência sem juros, porque ninguém merece juros disto. Já tive que inutilizar minhas ações, então, por que tenho que ainda pagar por isso tudo? Por favor, parcele. Parcele essa dívida comigo mesmo, para que eu possa entender tamanho boicote social, para que eu possa compreender o motivo pelo qual as pessoas te excluem, se excluem, me excluem. Fui um mau garoto? Somos boas garotas? A quem os olhos viram ações errôneas?  Minhas opiniões problemáticas te tiraram da zona de conforto, ou me colocaram na cova? Meu comportamento foi inadequado ou você se viu no espelho?

É possível parcelar as mágoas em pequenas prestações? Por favor, parcele minha angústia em prestações para vida toda, para que eu tenha tempo de pagar essa dívida moral comigo mesmo; para que eu possa acertar esse déficit a longo prazo e perdoar a minha inadimplência com esse ser humano que é desprezível, que faz julgar e sofrer tão facilmente. Por acaso todo esse descaso se deve ao fato de que não é possível aceitar o que outro diz? Tem coisa que é inafiançável: a fome é inafiançável, a morte, a pobreza. Não cabe aceitação. Você por acaso já sentiu alguma coisa dessas? Se sim, então, parcele, por gentileza.

Não.

É possível providenciar o cancelamento das minhas mágoas? É que o comprador se enganou na compra, o produto veio com atraso e foi entregue em desacordo com o anunciado. Cancele, por gentileza!

 


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

PREMISSA

No vagão do trem lotado, 

dois olhares se cruzam. 

Dos olhares ali de todos, 

esses, 

eram os únicos 

que se dispunham ao amor.





domingo, 5 de janeiro de 2025

PRIMEIRO DE ABRIL

 

Era para ser um texto qualquer, um poema, algo que mostrasse a que veio. O texto escrito inaugural, o introito anual. O primeiro do ano, o primogênito, aquele que abre-alas para o restante vir, não importa em que condições. Tudo que começa tem que ser único, ohhhhhhhhh, porque se espera isso do começo, do empeço, porque se quer isso dos inícios; era para ser original, isso original, algo nunca visto, algo nunca escrito. Não veio. Passei os dias tentando escrever o poema, a crônica inicial, o haicai do ano matemático de 2025, o romance que nunca existirá. Ninguém veio. Nem a inspiração, nem a ideia, nem a chuva americanizada de brainstorming, nem uma palavra sequer. Nada.

Assim como na vida, nada é o original, assim, por aqui também não tem como ser.

domingo, 29 de dezembro de 2024

CRÔNICA DO GESTO

 

O homem levanta os braços para o alto, com as mãos espalmadas, trêmulas e pede “calma”. A massa de trabalhadores ruidosa e raivosa, olha para ele. O burburinho continua de uma ponta a outra; no grupo de pessoas, umas insatisfeitas e outras esperançosas, a falação é intensa. Ele grita novamente pedindo muita calma, olho no olho, o homem sabe que precisa controlar a situação; ele faz silêncio e olha novamente no olho de cada trabalhador que veio até o sindicato para ouvi-lo.... Silêncio... agora o homem pode falar!

Na volta do trabalho a faxineira, cansada da labuta de limpar, de secar o gelo diário, se depara com a sacola que se mexia num barulho de choro. Sem hesitar, porque o pobre não tem tempo para isso, abre e vê a ninhada de pequenos cachorros abandonados. Não sendo mulher de abandonar ninguém, a senhora sai pela comunidade tentando achar novos donos, pois ela já tem os seus vários bichos e pensa por um rápido momento “que essa gente é ruim demais”.

O rapaz vem pensando que sua namorada estava muito triste, triste mesmo de dar dó; sem conseguir mais uma vez entrar na tão sonhada faculdade, ela teria mais um ano inteiro pela frente. Sem saber o que dizer, o sofrimento dele no vagão do metrô também era de dar pena. “O que vou dizer para ela”, repetidamente ele divagava. Uma menina para do lado dele e diz para ele comprar um brigadeiro, “compra, por favor”, ela insiste que o brigadeiro que ela faz, traz muita alegria para quem come. O rapaz compra os brigadeiros, ele entrega o brigadeiro para sua namorada, e o dia segue mais feliz.

A escritora pensa em como pode escrever sobre os pequenos gestos humanos, aqueles que nos trazem acalanto ou destruição, afáveis ou ignóbeis. Lembrou de como cada gesto, acompanhado ou não de palavra, de ação, modifica a história toda, numa avalanche sem volta. A mulher lembrou do livro que havia ganhado quando ainda criança. Exatos seis anos; ganhou o livro com dedicatória linda, mas lembrou que esse gesto ficara lá traz, junto com a criança que ainda não entendia nada de gestos largos e lindos, porque só pensava em crescer. 

A História dos Nossos Gestos, por Cascudo: “Os Gestos são moedinhas de circulação indispensável e diária, mas ignoramos sua emissão no Tempo.  A crônica, segue para o amigo Mendes.

 

 

 

 

sábado, 28 de dezembro de 2024

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

POEMA DO VAZIO

 

QUERIA PODER ESCREVER

ALGO QUE TE TROUXESSE DE VOLTA

COMO UMA ESPÉCIE DE ACALANTO

QUERIA PODER DIZER: PRUUUUU

 

QUERIA PODER ENTENDER

ESSE VAZIO QUE SINTO AGORA

QUEM SABE COMO O MEU PRANTO

ARREBENTA OS MUROS DO INFINITO

 

AS TANTAS FITAS DA SAUDADE

ESTÃO EM MIM

 

QUERIA MUITO UM POEMA

QUE TE ACHASSE POR AÍ, PERDIDA

COMO UMA ESPÉCIE DE SOPRO: PRUUUU

E TE FIZESSE PULAR DE NOVO

 

AS IMENSAS FITAS DA SAUDADE

FICARÃO EM MIM

 

QUERIA DEMAIS UM SONHO

QUERIA TANTO PODER ESCREVER

QUERIA MUITO UM POEMA, MIU ...

 

AS TANTAS, AS IMENSAS, AS COLORIDAS FITAS

TE LEVARAM PRO CÉU

EM MIM, O VAZIO.

POEMETO COM MOTE

Mote: Por fora não se nota, mas a alma anda-me a coxear há setenta anos.  (Saramago em As pequenas memórias)  Qual alma não vacila? Oscila.....