para fazer um bom poema
é também preciso um bocado
de tristeza
há que se traduzir em palavra...
não há poema sem melancolia
sem a beleza entristecida
não há poema simples
não há receita para boa poesia
não existe poema bom
existe o que se quer dizer
para fazer um bom poema
tem que ter um pedaço de incerteza
que se acumule no poeta
que quer dizer qualquer palavra
mesmo que seja a palavra
velha!
quinta-feira, 31 de maio de 2018
quinta-feira, 10 de maio de 2018
POEMA DO eu
pequeno tecido
de ser inexato
farrapo de pedaço
um corte de pano
desfiado, descosturado, desengomado
sem pregas
sem barra
sem botão
abre o molde
e modela seu coração
de ser inexato
farrapo de pedaço
um corte de pano
desfiado, descosturado, desengomado
sem pregas
sem barra
sem botão
abre o molde
e modela seu coração
PARA VOCÊ DE MIM
não é possível iniciar alguma coisa, da qual nem sei ao certo como dizer, com letras maiúsculas; a escrita nesse momento é sem amarras, porque ela traduz a minha e a sua angústia, e sei que assim como estou cá aqui, você também está, e agora neste instante escrevo por nós, por mim e por você, porque sei que estamos sozinhos a pensar nas nossas incertezas e também sabemos que a falta disso tudo, dessa compreensão do que está havendo é escura e paradoxal, então eu digo para você que é preciso ter uma certa calma e ao te dizer, digo a mim mesmo, assim nos escutamos e partilhamos dessas mesmas dolorosas aflições e agonias que passam em nossa cabeça, na minha e na sua, sei bem como é, sentir-se sozinho e achar que não há um fragmento sequer de amor, de carinho, de compaixão, de troca, de qualquer coisa de que precisamos para nos sentirmos humanizados, porque pensamos, e pensar é doloroso, só sei bem, também, que há que se ter calma, não a calma da estagnação, mas a calma do tempo, que é tão inconstante, porque corre veloz ou tarda, e essa calma eu não tenho, e sei que você não a tem, e também não sei como terminar tudo isso, e sei que você não sabe, sabemos apenas que não há um ponto, há somente um tempo e estamos juntos nele...
EXCERTO
Todos esses pensamentos nos
fazem refletir sobre a nossa prática diária. Como professora e futura
psicopedagoga a sensação de impotência e de mudança se confundem num plano
paradoxal e angustiante. O conflito
obviamente se traduz num questionamento pessoal do quanto estou fazendo em
relação ao que posso fazer. Essa profusão de sentimentos me encaminha a pensar
se realmente consigo mudar de forma militante tudo que se aflorou depois de
assistir, ler, estudar e pensar. Sei bem que já se passaram por mim muitas
pessoas das quais eu consegui de alguma maneira ajudar, dividindo o que sei, o
que eu acho que sei e o que gostaria de saber. Porém, não sei se tenho fôlego,
a essa altura, de mudar um sistema todo, embora acredite na mudança e tenha
práticas diárias que fomentem isso no meu pequeno universo.
Encerro a análise pensando que se eu escolhi a educação
como parte de mim e que ainda acredito em algumas possibilidades de mudança e
que sinto que agora já sei alguma coisa, quem sabe não consigo propagar essas
ideias em uma nova fase, fazendo o que gosto tanto que é escrever. Quem sabe
não escrevo mais sobre tudo isso...quem sabe...
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