domingo, 23 de junho de 2013

VERANITO

Os figos adoram o calor, talvez seja porque os dias fiquem muito longos e o tempo para que eles se esquentem e amadureçam seja suficiente. Os sentimentos ficam longos também no verão e minha alma sente-se como no estio, porque com noites tão curtas o cansaço é infinito. Não é possível entender nada no calor, apenas é necessário procurar uma sombra para apaziguar o abafamento. As ideias esquentam e apenas o corpo reage; a mente dormita na espera de outros tempos que justifiquem esse momento de mormaço interior. Não deixemos que os figos murchem, havemos de comê-los ainda roxos e suavemente carnudos e doces, porque é preciso sustentação para se alcançar a primavera.

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POEMETO COM MOTE

Mote: Por fora não se nota, mas a alma anda-me a coxear há setenta anos.  (Saramago em As pequenas memórias)  Qual alma não vacila? Oscila.....