É cada dia mais difícil escrever
A poesia escapa todas as manhãs
E foge desgarrada para os braços
De outro qualquer, inútil poeta.
Fico eu então, aqui pensando
Naquilo que poderia ter dito
Tudo em mim é arrosto e tendo
A arvorar, sem medo, sem medo.
Mas, ao outro poeta ela dá
Todo o verso, toda prosa assim
Despida e entregue ao tempo
Do escrever; e os dois compõem
Inversos ao luar...
Fico eu aqui com a rima engastada
Engasgo da prosaica sem um rumo
Olho para ela ali, demanhãzinha,
Caladas; emudecemos de medo
E eu já não mais escrevo.
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