Para conseguir
ganhar aquela bicicleta teve que lavar carros por seis semanas e assim, comprou
a tal usada por um preço que achou justo. Depois de cair e se arranhar inteiro
parecia que havia nascido para ofício de pedalador mor.
Com um ano, andava agora liberado pela mãe pelas ruas da
cidade movimentada. No começo, eram somente as vielas de perto da sua casa, com
o tempo ganhou as avenidas, e lá estava o moleque indo e vindo, em sua
bicicleta encrementada.
Após muitas quedas e dois braços quebrados, na verdade o
mesmo braço duas vezes, a mãe decidiu confiscar o meio de trasporte. Estava ficando
perigoso demais. Perder um filho assim menino não constavam dos seus planos,
além do que, andar pelas ruas, ninguém respeita pedestre.
Dizem então que o moleque enfezou, encrespou, deixou de
comer, e ameaçou repetir o ano escolar. Depois como não tivesse vingado tal
conduta, amoou, fechou em copas, entristeceu de dar dó. A mãe relutou, pensou,
encasquetou, ferveu mesmo as ideias. Decidiu.
Naquela semana fez o oratório. Comprou de todos; uma
imagenzinha de cada, de Nossa Senhora Santa Padroeira, até São Cristóvão; se
protege caminhoneiro, há de proteger bicicleteiro, inda mais guri. Estava decidido.
Era o moleque sair, feliz da vida, que a mãe ia lá, fazia
uma reza, das brabas, pedia para os Anjos da Guarda a proteção do garoto. Do seu
garoto, agora feliz. E quem disse que os Anjos e Santos não guardaram?
Guardaram sim.
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