O
homem olhava inquieto para a listagem de vagas de empregos. Não tinha
qualificação para nenhuma. Exigiam isso e aquilo. Pensava que sabia fazer de
tudo um pouco e era honesto. Isso não bastava? Ele acreditava que não.
O mocinho
bem jovem, perguntou-lhe se havia achado algo e que poderia preencher o
cadastro. Titubeou antes de responder que não estava qualificado para nenhuma
daquelas vagas. Insistiu o rapaz e questionou se ele queria um “bico” no
feriado. Por vinte reais por dia, quatro dias, segurando uma placa de vendas de
apartamentos.
O homem
topou. Calculou os oitenta reais mais o lanche e foi.
O homem-placa
ficou por lá, na esquina da rua tal com a rua sei-que-lá. Na chuva ficou das
oito da manhã até às cinco da tarde. A placa era densa e escorregadia. Mas para
isso havia de ter qualificação. Lembrou que não tinha estudado tudo que podia. E
agora a maçada da sua vida entregue ao descaso da falta disso e da falta
daquilo.
Em pleno
dia primeiro de maio, dia do trabalho, o homem-placa, parado ali no meio fio,
sentado com sua placa, terminava de cumprir seu ofício. Quando recolheram a
placa e pagaram seus oitenta reais, ele foi beber. Bebeu só com dez reais
porque o restante era para investir no futuro, no futuro!
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