O amor para mim: barba!
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
LUTHIER
Na oficina o homem observava
o contorno da madeira. Passou mais uma vez a lixa do lado direito, arredondando
o corpo do violoncelo inerte. Fechou os olhos para sentir; com uma das mãos
espalmadas alisou de uma extremidade a outra; mantinha os olhos cerrados, o
perfume da mulher amada veio junto ao cheiro do pó amadeirado do abeto...
domingo, 27 de janeiro de 2013
SONETO SINGELO
Na clareira que o Sol surgia
Duas flores querem brotar
Tinham elas dormido ao luar
Na espera da luz desse dia.
Era maria sem melancolia
Esparramada sem pensar
Era rosa de alguém plantar
Grudada em terra de magia.
Quem pensa que é uma ofensa
Maria derramada e suspensa
Nascer mesmo sem ser havida?
Não sabe que flor se convida
Para ser tanto rosa e perdida
Embrenhadas na beleza imensa.
sábado, 26 de janeiro de 2013
FLAMBAR II
Nessa
noite a moça precisava de algo mais forte, conhaque. Enquanto esquentava entre
dedos a bebida, o jazz instrumental tocava ao fundo. Incomodada pela falta da
letra e na impossibilidade de tradução, começou a esboçar a narrativa que daria
contorno ao jazz. A mulher conformada com o fim daquele romance, não mais
chorava, num movimento renhido, foi viver...
A
vida passa muito rápido.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
FLAMBAR
No
banquinho a moça degustava o vinho, doce e do Porto. O blues tocava baixo,
melódico e dizia na letra que o homem precisava de outra mulher, a anterior
tinha sido um porre na vida dele. A moça traduzia o blues mentalmente, enquanto
seu pé balançava no groove da batida. Não pensava em nada, sentia tudo, assim é
bem melhor, estar sozinha no vinho, na música.
A
vida passa mais lenta.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
domingo, 20 de janeiro de 2013
AMOSTRA
Há um misto de sensações em mim. Hoje o
dia está assim também, ora chuva fina com um meneio provocativo do Sol. Estamos
confusos e num dilema. O passarinho começou um canto suave que aos poucos foi
virando um sibilo irritador, ele também é confuso. As palavras saem meio tortas
e sem um grande sentido. Mas que sentido ei de buscar por aqui? Nenhum desejo
de resolver nada, estou em férias de mim, nem quero entender o trecho que
acabei de ler. Quero apenas soltar a fumaça difusa e sem forma e olhá-la contemplando
o indefinido. Sim é isso!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
POESIA BANDIDA
O corpo dói e a fadiga
Envolve a minha alma
Mas se vai sair a pulso
Não julgo só me curvo
Diante do teu jugo!
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
A rosa
Não sei nada.
Nem fé eu tenho.
Olho para a moça da limpeza com a mesma dúvida que miro o padre, o carpinteiro, o poeta e a criança.
Vejo que o balançar das folhagens é tão inseguro quanto eu e nos rendemos ao vento. Minha irremissível falta de certeza e do sim.
Apenas sei daquilo que é quântico; sei das horas, sei do Sol, só. E nem sei se saber tudo isso é certo ou preciso para se saber.
Quero o amor.
Não conheço o amor. O amor me é indefinido, amorfo e amoral. Não quero é ser sozinha.
A única coisa sabida é que a semente plantada há alguns dias, ternamente regada e iluminada poderá virar ou não a minha rosa...
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
MALSINAR
Enxovalhada essa alma mal
humana que acha que pode sair por aí dizendo e fazendo o que quer; sem doçura, tato, ensimesmada em sua podre e
triste solidão, egoísta de gesto, de olhar, cujas atitudes devonianas traduzem
o que é sempre doentio...
Alma insondável; há que se
humanizar!
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
TERNURA
Só
resta-me escrever, essa doce e afável literatura. Meu banho diário de palavras limpam
minha alma e acomodam meu cotidiano no campo dos sonhos.
sábado, 5 de janeiro de 2013
PAU-DE-ARARA
Três destinos
Presos ao Sol.
O passarinho
Canta baixinho.
Negro na amarra
Geme até aurora.
Retirante na boleia
Chora, chora, chora.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
CUSTÓDIA
“Quem guarda o que tem a pedir não vem...”
Guarda-chaves
Guarda-comida
Guarda-caráter
Guarda-costas
Guarda-florestal
Guarda-móveis
Guarda-mor
Guarda-livros
Guarda-freios
Guarda-marinha
Guarda-poesias
Guarda-amores
Guarda-feridas
Guarda-amigos
Guarda-sol
Guarda-pó
Guarda-só!
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
MANCOMUNAR
Não já me empresta
Um verso; modesta
A maldita se recusa
A lírica jaz confusa.
Que faço eu com
Essa intensa dor?
Emprazado amor?
Preciso da escritura
Partitura, armadura
Está mancomunada
Minha poesia danada.
JUAZEIRO
A
noite já cochilava enquanto esperava a madrugada chegar.
O rapazote sentia pelo
cheiro da alvorada que era hora de sair. Nem pegou a vela, sabia que o silêncio
era para ser total. O caminho era por ele conhecido, e os passos tinham que ser
lentos. O coração não batia, estava mudo de emoção e desejo. Postou-se atrás da
arvorezinha que escondia partes de seu corpo já adolescente e suas vergonhas.
A moça então saiu
do casebre, como sempre fazia, para o banho lá fora. Trazia nas mãos o vestido
amarelo e o vidro de perfume, além da toalha e sabão da casca do juazeiro.
Rumou ao banheiro, que era ao lado do poço e passou a banhar-se, com os mesmos
movimentos de sempre, sabia que era admirada...
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
JEITÃO
Meu, único
Meneio só, Marilice
Agrada, não sei, tanto faz
Tom desagrada, sei lá, é assim
Enfim, meu modo, o ser é esse
Quer ou não, larga, pega, enfim
Apagar o meu jeitão, é que não dá!
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
CARA NOVA
Mudanças são
bem-vindas... As exteriores são melhores, mais fáceis de mudar, já as de
dentro, diria... quase impossíveis. Tentamos
muitas vezes e até conseguimos, planejamos, mas há quem diga que as grandes
mudanças só vêm acompanhadas da dor ou do amor. Chavão ou não, sou adepta às
mudanças, elas me instigam, embora não tenha coragem de ficar loira, por
exemplo, talvez mechas, já valem?
A cara do Blog
é nova, quem escreve, parece igualzinha. Será?
Não sei ainda, mas tudo pode mudar...
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