terça-feira, 10 de abril de 2012

HISTÓRIA DE AVIÃO


Meu pai contava essa história e reproduzo aqui conforme minha recordação saltitante permitiu.

O voo vinha de uma cidade do Nordeste, não sei qual, para São Paulo. No avião, além de meu saudoso pai, pessoas distintas, se acomodavam em seus assentos para ir ou voltar. Uma senhora de meia idade entrou no avião com seu filho de pouco mais de sete anos. Vinha o garoto com a cabeça enfaixada.

A comissária logo prestativa, como é de sua forçada obrigação, ajudou o doente, ajeitando-o nos assentos junto a sua mãe. Em curso, já no ar, o moleque começou a aprontar qualquer coisa que se aprontam meninos na sua idade. A mãe impaciente deu-lhe um “tapão” na cabeça.

Passageiros olharam uns atônitos, se entreolhavam outros assustados e omissos. Outra tapa, desta vez mais sonoro. Um senhor ao lado, praguejou, “Que é isso minha senhora”! A mulher ignorou e deu o terceiro peteleco na cabeça repleta de faixas e machucados, produzindo um barulho tão retumbante que duas comissárias tiveram que intervir.

“A senhora não pode fazer isso.” “Seu filho está machucado.”

A mãe indignou-se. Levantou do assento e começou a reclamar, dizia que o menino era responsável, que isso, que aquilo, e conforme discursava, ia retirando a faixa, num ziguezague contínuo e eficaz. Nessa altura, todos os passageiros olhavam; alguns mais curiosos em pé. A senhora desembrulhou a cabeça e para espanto de todos havia um penico.

O penico rosa grudado na cabeça do pequeno e diabólico garotinho que agora ria. Sim um penico preso pela ausência física do ar, capturado pelo vácuo. Iam para São Paulo retirar o fragmento de guerra no Hospital das Clínicas, em cirurgia de alto risco. Risos e aplausos. O garoto era um herói!

Papai contava a história. Se foi verdade ou não a mim não importa, merecia ser contada, não acham?


Nenhum comentário:

DOIS AXIOMAS RALÉS

  AXIOMA AMOROSO Entender o outro É respeito Aceitar o outro: amor.   AXIOMA REVOLTO Ahhhhhhhhh! Ignorância É a matriz da acei...