quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ACESSÓRIOS


Hoje guardei meu sorriso de lado, tirei o resto da gentileza que havia sobrado no meu rosto. Limpei todos os gestos de bondade e me vi assim, tal qual o animal se vê diante da presa. Não quero agradecer a ninguém por mais esse dia, não quero dizer obrigada e nem bom-dia; quero apenas trancar em mim o desprezo e despir de mim qualquer sutileza que me tornem mais humana. Quero não precisar olhar com olhos de súplica ou desejo; quero não mencionar as palavras de gentilezas ou desculpas. Não vou assumir mais nada. Olho para o descamisado sem dentes, para o faminto, para a meretriz doente, para a criança abusada da mesma maneira que olho para o resto dos seres, que agora deitados contemplam o Sol, as belezuras e alegrias. Não eu! O meu lado humano se descarta dos acessórios da ética, da poesia, da delicadeza, da humildade, bom-senso e convertem para o verdadeiro ser fabricado e produzido, no íntimo de todos nós.

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