domingo, 20 de março de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XI

Maria Amélia sorriu como há tantos anos não o fazia. Quase riu. Gomes chateou-se, sabia que não deveria ter dito seu nome. Maria garantiu que não era isso, o nome era forte, mas o jeito com que disse o nome, a situação era engraçada. Gomes meio irritado acelerou o passo deixando-a para trás, parou na banca para pegar o jornal.
  – Desculpe-me pelo riso. Quase nunca dou risada; saiu espontâneo.
– Não deveria ter dito.
– Não é o nome, é a situação. Eu disse que estava confusa e você audacioso disse seu nome. Achei tão inusitado. Quebrou minha confusão.
– Por quê?
– Não sei dizer, achei engraçada sua tentativa de maior aproximação. Quando sabemos os nomes tudo é mais próximo.
– E o seu?
– O quê, nome? Você já sabe.
– Sobrenome.
– Canto e Melo, não menos ridículo que Aristeu. Feliz, agora?
– Justo, muito justo.
         Ambos riram timidamente.
– Já que é filho de Apolo e tem o dom da profecia, diga-me qual é o nosso destino?
– Ficar juntos para sempre.
– Chegamos. Moro aqui. Então...
– Podemos nos ver amanhã, passo aqui para apanhá-la cedo.
– Não, encontro você lá na Padaria Fiães...
         Os dois repetiram junto o jargão pronunciado pelo Portuga: ”Padaria Fiães aquela que produz os melhores pães”. Dessa vez riram mais largamente.

Um comentário:

Selma disse...

Que fofos, estão se dando bem!! Isso me agrada!!rs a Dona Amélia pareceu ceder as "cantadas engraçadinhas" de Gomes. Isso é bom!!Estão se soltando!!
Adorei o jargão!!rs

DOIS AXIOMAS RALÉS

  AXIOMA AMOROSO Entender o outro É respeito Aceitar o outro: amor.   AXIOMA REVOLTO Ahhhhhhhhh! Ignorância É a matriz da acei...