CAPÍTULO
QUINTO
“Na vida, o olhar
da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a
calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao
mundo as revelações que faz à consciência;”
Não sabia ao certo se
falaria com Freitas, seu melhor e grande amigo, sobre o sonho, seus pensamentos
e tudo que tinha sentido na noite anterior. Ficou com uma dúvida imensa.
Passava um pouco das dez quando o amigo chegou. Disfarçou até não caber mais na
conversa sem rumo que saia de sua boca, tanto que foi deflagrado.
– O que há amigo?
– Não sei ao certo.
– Como assim, está doente,
está sentindo algo?
– Não.
– Aconteceu alguma coisa que
não me disse?
– É mais ou menos.
– Desembucha homem, estou
ficando nervoso.
– Quero ir ao médico, mas
não no Dr. Jaime, em outro.
– Ué, como assim? Você
sempre vai nele, é o melhor daqui.
– Eu sei, mas... Quero ir a
outro geriatra, de outra cidade; isso, de outra cidade, você me leva?
– Sim, mas por quê? O que
está sentindo o Jaime não pode resolver?
– Estou pedindo um favor,
amigo, não pergunte o motivo.
– Não estou gostando dessa
conversa, quer que eu ligue para o João, ou...
– Por favor... Arranje um
médico qualquer e marque a consulta, é só isso!
– Está bem, vou fazer. Agora
vamos então até a praça, eu ajudo.
– Hoje não, amanhã. Juro que
amanhã eu vou. Quero descansar e terminar o livro.
– Certeza?
– Sim.
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