CAPÍTULO
TERCEIRO
– Que foi, que foi, que foi
– O senhor mandou me chamar.
– Moleque porque me acordou,
que raiva!
– Ué o seu Freitas que
mandou vir aqui!
– Sabe há quantos anos não
sonho com isso?
– Com o quê?
– Ah! Deixa para lá. Não
acredito. Pega minha bengala.
– Conta.
– O que menino?
– O sonho. Era bom? O senhor
estava parecendo morto.
– Já estou quase lá.
– Desculpe não quis dizer
isso. É que o senhor estava meio branco.
– Traz aqui a bengala.
– Seu livro, doutor.
– Coloque ali na mesinha.
Pegue no pote o dinheiro e me traga uns quatro pães e meio de café. O troco é
seu.
– Machado, isso é nome de
gente?
– O maior de todos os
tempos, essa geração não lê nada. Vai logo antes que feche a padaria.
Sentou-se
novamente e tentou lembrar-se do sonho. Ficou ofegante e irritadiço. Não
conseguia entender o porquê. Tinha
pensado muito na sua vida e nada lhe parecia permitir esses tipos de
pensamentos. Ficou confuso. Era tão lúcido que a confusão deixou-lhe assustado
e hostil. Quanto tempo ainda à vida lhe daria? O que fazer com esses últimos
momentos? A tarde foi comida por todos esses pensares.
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