quarta-feira, 12 de setembro de 2012

UM SONHO APENAS


CAPÍTULO TERCEIRO

– Que foi, que foi, que foi

– O senhor mandou me chamar.

– Moleque porque me acordou, que raiva!

– Ué o seu Freitas que mandou vir aqui!

– Sabe há quantos anos não sonho com isso?

– Com o quê?

– Ah! Deixa para lá. Não acredito. Pega minha bengala.

– Conta.

– O que menino?

– O sonho. Era bom? O senhor estava parecendo morto.

– Já estou quase lá.

– Desculpe não quis dizer isso. É que o senhor estava meio branco.

– Traz aqui a bengala.

– Seu livro, doutor.

– Coloque ali na mesinha. Pegue no pote o dinheiro e me traga uns quatro pães e meio de café. O troco é seu.

– Machado, isso é nome de gente?

– O maior de todos os tempos, essa geração não lê nada. Vai logo antes que feche a padaria.

 

Sentou-se novamente e tentou lembrar-se do sonho. Ficou ofegante e irritadiço. Não conseguia entender o porquê.  Tinha pensado muito na sua vida e nada lhe parecia permitir esses tipos de pensamentos. Ficou confuso. Era tão lúcido que a confusão deixou-lhe assustado e hostil. Quanto tempo ainda à vida lhe daria? O que fazer com esses últimos momentos? A tarde foi comida por todos esses pensares.

 

 

Nenhum comentário:

DOIS AXIOMAS RALÉS

  AXIOMA AMOROSO Entender o outro É respeito Aceitar o outro: amor.   AXIOMA REVOLTO Ahhhhhhhhh! Ignorância É a matriz da acei...