Na padaria, o romance de Maria Amélia parecia ter causado uma comoção em todos. O velho português olhou para sua Maria Rosa e tentou lembrar-se de como era aquela face mais nova e linda. As mãos da mulher nos movimentos rápidos ao tricô não permitiram que ela percebesse o olhar, do marido de tantos anos. Portuga pensou ainda se sua Rosa era feliz, e teve receio de perguntar.
– Vamos ao Mercado Municipal hoje á tarde, comer aquele pastel de bacalhau que sempre comíamos quando namorados.
– Que é que te deu, homem?
– Saudades.
– Não sei. Faz tantos anos.
– Vamos minha Rosinha.
– Está tão estranho, não me chama assim há tempos.
– Saudades Maria, saudades.
A mocinha que resgatava os pães sussurrava no ouvido do garoto...
– Fui eu que coloquei o bilhete no saco de pão.
– Como é que é?
– O seu Gomes me deu dez reais para colocar os pães daquela senhora no saco que ele tinha escrito que gostava dela, entendeu?
– Você, hein! Nem para me contar.
– Eu não. E quase deu zebra, quase coloquei no saco errado, quer dizer, na velha errada. Sabe aquela do cabelo vermelho, se não fosse o seu Gomes abanar sem parar lá do balcão o negócio tinha ido para o espaço.
– Garota esperta. Quer dar uns ‘roles’ comigo?
– Se enxerga garoto!
De lá do caixa, dessa vez o Portuga não gritou com os dois funcionários, estava embebido demais nas suas lembranças junto de sua Maria Rosa.
3 comentários:
Ah... Djavan é que estava certo: dizem que o amor atrai.
Beijos!
Alê, é verdade, mas o amor muitas vezes atrai a confusão.
Adoro seus comentários!
Beijão
Que lindo! com essa história de Amélia e Gomes os outros que a estão vivenciando decidiram sair do estado de letargia e reviver o passado!!! Perfeito!!! A d o r e i !!!
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