quarta-feira, 20 de abril de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XXXIV

              No final daquela semana, Portuga teve alta do hospital, e como bem disse o médico foi apenas um susto. Um daqueles que a vida muitas vezes nos dá, para que lembremos que é hora de aproveitar, cada coisinha, de jogar fora a mágoa, a angústia, o pessimismo e trilhar no riso, na diversão, alegria e amor. Tudo isso passou num flash na cabeça de Maria Amélia, enquanto acompanhava de braços dados, com Dona Maria Rosa, pelo corredor do hospital.
         Não conseguiu ouvir a prosa arrastada de Dona Rosa, os detalhes das enfermeiras grosseiras, a comida mais horrível do mundo, e do sono mal dormido. Olhou apenas para frente, com olhares muitíssimos afeiçoados para Gomes que empurrava a cadeira de rodas com o Portuga, que parecia ter saído de uma festa. Os dois iam rindo.
         Portuga quis passar na padaria, Dona Rosa ralhou, mas não teve jeito, tiveram que parar na porta. A mocinha que resgata os pães veio feliz, de verdade, pegou na mão do patrão agradecida pela sua volta e nem se lembrou dos gritos que ele dava para voltar ao trabalho ou de sua rabugice matinal. O garoto garantiu que tudo havia ficado nos trinques e que ele tinha tomado conta de tudo nos mínimos detalhes; até tinha ariado a chapa, que estava tinindo.
         Depois que o carro saiu Gomes verificou um olho cheio d’água em Portuga. Maria Amélia virou o rosto e viu os dois garotos abanando efusivos em adeuses. Pensou em como a felicidade é mesmo um pão com manteiga. Novamente não escutava um verbo de Dona Maria Rosa que desatou a falar tanto, tanto; talvez fosse tudo aquilo que não havia dito, sentada no banquinho da padaria presa ao tricô.
         Na volta, Gomes foi enfático ao dizer para Amélia que se aprontasse, bem elegante, pois, iriam jantar em um lugar muito chique, mas que era surpresa. Foi tão veemente que obteve um sim de chofre. Só decidiram que ás nove e meia seria melhor, para que ambos pudessem caprichar. Gomes tinha claro suas intenções e não deixou transparecer um triz sequer. Quanto a Maria, essa estava começando a achar que viver valia mesmo a pena.

Um comentário:

Selma disse...

Não faz mal a noite mal dorminda e a comida horrível do hospital!!! Nada disso é importante, quando saímos de lá bem e agradecidos por conseguirmos vencer a mais uma batalha!! rsrs Quando ao jantar, e espero que o Gomes a leve realmente à um lugar muito chique, pois ambos merecem!!!! Vamos lá para o próximo!!!

DOIS AXIOMAS RALÉS

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