segunda-feira, 4 de abril de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XXIII

Já estava claro quando Gomes tentou beijar Maria Amélia pela terceira vez e ela esquivou-se novamente. Não estava pronta para nada ainda. Embora o desejo daquilo tudo fosse evidente, Maria lembrou-se da ideia fixa de que nada daquilo era real.
– Estou gostando muito de você. Não quero forçar seu desejo, mas não temos mais tanto tempo para cortejos, quero tocá-la.
  – Eu sei. Também gostaria...
– Então, por que foge?
– Você não acreditaria seu contasse.
– Contasse o quê?
– Nada disso é real, é tudo mentira, nem existimos.
– O que está dizendo?
– Somos apenas personagens. Nada que dizemos ou fazemos é verdade.
– Gostei da metáfora da vida. Mas devo dizer que nunca me senti tão vivo e não sei aonde quer chegar com toda essa conversa. O que posso afirmar é que se você não quiser seguir em frente com a nossa história, apenas diga. Tudo que sinto é real, seus olhos são infinitamente brilhantes, desejo sua boca e isso é verdade.
– Eu não posso, não consigo. Sabia que não acreditaria em mim e isso não é desculpa para nada, é fato!  Você não entende?
– Não! E nem quero. Acho melhor levá-la para casa.
Depois de deixar Maria em casa, Gomes pensou em voltar ao seu apartamento, mas ficou com vontade de ver gente estranha, porém, gente amiga. Pensou em ter com o Portuga, e decidiu ir até a Fiães tomar um café forte, preto e puro. Talvez o ambiente incomum e caótico da padaria, paradoxalmente o traria de volta a luz do entendimento humano, das ações confusas e estranhas de Amélia.

Um comentário:

Selma disse...

Ahhh pobrezinha!! está confusa!!! Muito confusa!!! Parece não acreditar no amor... o que teria acontecido com Amélia no passado?? coitadinha....

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