quinta-feira, 14 de abril de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XXX

De fato não conseguia escrever uma letra da narrativa que incluía Maria Amélia. Seu medo dos próximos capítulos, da sua proximidade com Gomes e das sensações vividas, fizeram com que ela se fechasse num casulo absurdo, e da minha parte, não permitia que produzisse nada enquanto não falasse comigo e isso eu não concederia.
Refleti a tarde toda sobre a maldita da natureza humana. Da vocação que algumas pessoas têm de carregar consigo a melancolia e a tristeza infinitas, de não permitirem a felicidade, não calcarem no otimismo, na certeza e no agrado da vida. Maria era assim. Sua essência amarga e rude abafava qualquer sentimentozinho de alegria.
Quando criei Gomes, pensei justamente em proporcionar para Amélia a sensatez do ver e conviver com o restolho, que eu julgava haver dentro dela, e que possivelmente germinasse em pequenas gramíneas que brotassem verdes e frescas, trazendo alguém levemente transformado pelo amor.
Enganei-me. Não sei. Preciso conseguir, ou melhor, necessito retornar para o enredo. Para o enredo que nós planejamos. Tão simples e medíocre, uma reles história de amor...
O leitor já deve imaginar que quando Maria entrou em meu apartamento com o enredo nas mãos, não era propriamente um roteiro. Ela pediu-me meramente uma paixão, alguém que protagonizasse junto dela essa narrativa boi-com-abóbora. Um grande amor, isso, amor!
         Da minha parte só posso esperar, a espera da escritora. Desejosa por terminar esse romance, já que nada, nenhum escrito meu ficou sem alinhavo. Fico na esperança que Maria Amélia permita-me o desenlace final, as páginas derradeiras. Vou fazer um café, um pão na chapa com manteiga Aviação e aguardar que consiga esboçar mais alguns episódios.
         Pensando melhor, acho que farei as torradinhas do Gomes e abrirei um Lambrusco, tinto, certamente o tinto!

3 comentários:

disse...

Com certeza o tinto... Que que acontece com Amélia? Cadê Amélia, Gomes? Acho que o jeito mesmo é embebedá-los e fazer deles o que você quiser, cara Marili!!

Selma disse...

O oposto aconteceu Marili, não é uma reles história de amor, ou um história simples e medíocre... é uma história belissima aonde Maria Amélia deixou sim, despertar o que a muito tempo adormecia: o Amor!!!!

Valsa Literária disse...

Mas para a intelectual e soberba escritora, que não sou eu, é uma história boi-com-abóbora.RSRSRS

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