sábado, 9 de abril de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XXVII

              Na padaria Fiães, o garoto investia na menina que resgatava os pães.
  – O seu Gomes esteve aqui logo cedo. Estava com uma cara.
– Cara de quê?
– De que tinha levado um fora.
– Será? Eu queria que desse certo, afinal eu ajudei, né?
– Comprou pão e manteiga e se foi.
– Será que foi para casa dela?
– Sei lá, mas a gente podia pegar um cinema, quer ir?
– Vou pensar.
– Oba! Já é um começo...
Maria Amélia tentou recuperar o fôlego colocando quatro colheres de pó de café, puro e forte, e derramando a água esturricada por cima. Resolveu esquentar o pão e seus movimentos eram desconexos e meio sem sentido. Gomes também atordoado, sem graça, arrumava as xícaras já postadas de lá para cá. Eram silenciosos e pensativos.
Maria colocou o café na mesa e retirou o pão quente do forno. Gomes ao seu lado, a puxou novamente e decidiram que o beijo era mais urgente que o café. Que o abraço colado era mais necessário que o pão com manteiga. Ficaram assim, por um longo período. Entre os beijos mais suaves e os toques de descoberta,incomutáveis, nos cabelos, na orelha, na querença desesperada do conhecer, cada ruga, cada marca. Olhavam-se profundamente, como se já se reconhecessem.
– Isso é real!
– O que disse?
– Nada.

Um comentário:

Selma disse...

Gomes agora está tirando o atraso...rsrs é assim que deve ser... não pode perder tempo, afinal esperaram tanto... né autora???rsrsrs

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