sábado, 16 de abril de 2011

A ESPERA DA PERSONAGEM - PARTE XXXII

  – O que aconteceu?
– O Portuga teve um infarto.
– Entre. Sente-se.
– Estou péssimo.
– Não fique assim, por favor.
         Maria Amélia abraçou Gomes e ele começou a chorar baixinho; não diziam nada, apenas ficaram ali por um bom tempo, unidos na tristeza. Maria mantinha o abraço, enquanto pensava na efemeridade da vida, de como as coisas passavam rapidamente agora, que tinha o Gomes consigo.
– Posso ficar aqui?
– Sim, é claro. Você já comeu? Vou fazer algo para nós.
– Você vai comigo até o hospital de tarde? Ele está na UTI, mas quero vê-lo, sei lá, quero estar lá com Dona Rosa.
– Iremos. Deite aí no sofá, vou fazer um lanche.
– Quero ajudá-la.
– Então venha. Agora me conte o que houve?
– Estávamos conversando e de repente ele foi caindo e desmaiou.
– Meu Deus!
– Abri sua camisa e iniciei uma massagem no peito, nem sei como consegui fazer isso. O resgate chegou bem rápido. Eu achei que ele tinha morrido.
– Salvou ele. Isso ajuda sabia? Fique tranquilo ele vai ficar bem.
– Tomara. Obrigado, obrigado por estar aqui, por estar comigo.
– Pare com isso. Não agradeça, eu é que sou grata por você ter me trazido vida, vida nova, eu que esperei tanto por isso.
         “Se os olhos não fossem solares; Jamais o Sol nós veríamos;” lembrei-me desses versos de Goethe e continuei a escrever a história de Dona Maria Amélia, agora definitivamente entregue ao esquecimento.

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